Jacarta,
16 ago (Lusa) -- A Amnistia Internacional (AI) denunciou hoje o aumento dos
mortos na Indonésia em operações da polícia contra o tráfico de droga e alertou
para o risco de o país tentar copiar a campanha realizada nas Filipinas.
Segundo
a organização não-governamental de defesa dos direitos humanos, pelo menos 60
suspeitos de tráfico de droga foram mortos pelas forças de segurança desde
janeiro deste ano, o triplo do registado em 2016, quando o total foi de 18.
"Este
impactante aumento dos assassínios ilegais por parte da polícia faz seriamente
soar os alarmes", disse o diretor da AI na Indonésia, Usman Hamiden, em
comunicado.
"Apesar
de as autoridades terem a obrigação de dar resposta ao crescente consumo de
drogas no país, disparar contra pessoas (...) nunca é uma solução",
acrescentou Hamiden.
As
autoridades indonésias garantiram que as mortes foram em legítima defesa ou
porque os suspeitos tentaram escapar durante as detenções, mas a organização
assegurou que não foram realizadas investigações independentes.
Nos
últimos meses líderes das forças de segurança e altos cargo políticos
defenderam um endurecimento das medidas para combater o tráfico de droga.
No
final de julho, o Presidente indonésio, Joko Widodo, ordenou às forças de
segurança que disparassem contra os traficantes que resistam à detenção,
especialmente se forem estrangeiros.
No
mesmo dia, o chefe da polícia indonésia, Tito Karnavian, disse ter instruído os
agentes para não hesitarem em disparar, citando as Filipinas como um exemplo a
seguir.
A
campanha contra as drogas do Presidente filipino, Rodrigo Duterte, causou mais
de sete mil mortos, metade alegadamente por terem resistido à polícia, e tem
sido muito criticada pela ONU e por grupos de defesa dos direitos humanos.
"O
Presidente Duterte não devia ser, em nenhuma circunstância, considerado um
modelo para a Indonésia. Longe de fazer as Filipinas mais seguras, a sua
'guerra contra a droga' causou milhares de mortos sem nenhum tipo de prestação
de contas", disse Hamiden.
A
legislação indonésia é uma das mais duras do mundo no que toca ao tráfico de
estupefacientes e contempla a pena capital com pelotão de fuzilamento, tendo
vários estrangeiros sido executados nos últimos anos por este crime.
Hoje,
as autoridades Filipinas disseram 32 pessoas foram mortas num só dia em
operações antidroga efetuadas numa província do norte do país. Na terça-feira,
a polícia filipina tinha informado que 21 suspeitos foram abatidos em no norte
do país.
De
acordo com os registos da polícia filipina, mais de três mil alegados
criminosos foram mortos pelas forças de segurança desde o início da campanha
antidroga de Duterte, em julho do ano passado.
ISG
// EJ
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