O
Partido Verde da Austrália informou hoje que pediu ao primeiro-ministro,
Malcolm Turnbull, para acolher 20 mil refugiados rohingya e destinar o
equivalente a 100 milhões de euros ao Alto Comissariado da ONU para os
Refugiados (ACNUR).
“O
senador Nick McKim e eu fizemos o pedido, por escrito, ao primeiro-ministro
sobre a crise na Birmânia e os níveis sem precedentes de deslocamentos forçados
que estamos a assistir”, afirmou Richard di Natale, líder do Partido Verde,
através do Facebook.
“Precisamos
de 20 mil vistos humanitários permanentes para os refugiados rohingya este ano
e cerca de 150 milhões de dólares australianos [100 milhões de euros] em fundos
de emergência para o ACNUR”, sublinhou Richard di Natale numa breve mensagem.
O
apelo surge na sequência da onda de quase 300 mil deslocados da minoria
muçulmana rohingya que chegaram ao Bangladesh desde o dia 25 de agosto, fugindo
à violência no oeste da Birmânia.
O
governo do Bangladesh assinalou que, segundo “informações extraoficiais”, mais
de 3.000 rohingya foram mortos na ofensiva militar no estado de Rakhine,
desencadeada após o assalto a postos policiais lançado por um grupo de rebeldes
muçulmanos.
O
montante de ajuda humanitária proposto pelo Partido Verde supera em muito o
anunciado recentemente pelo Governo de Camberra.
No
passado sábado, a ministra dos Negócios Estrangeiros, Julie Bishop, indicou que
o Executivo australiano vai destinar até quatro milhões de dólares (3,3 milhões
de euros) para apoiar as organizações de ajuda humanitária que trabalham no
Bangladesh.
Mais
de um milhão de rohingyas vivem em Rakhine, onde sofrem crescente discriminação
desde o início da violência sectária em 2012, que causou pelo menos 160 mortos
e deixou aproximadamente 120 mil pessoas confinadas a 67 campos de deslocados.
A
violência escalou desde o ataque, no passado dia 25 de agosto, contra três
dezenas de postos da polícia pela rebelião, o Exército de Salvação do Estado
Rohingya (Arakan Rohingya Salvation Army, ARSA), que defende os direitos dos
rohingya.
A
ONU estima que mais de um milhar de pessoas, maioritariamente da minoria
muçulmana rohingya, podem ter morrido devido à violência no estado de Rakhine,
um número duas vezes superior às estimativas das autoridades da Birmânia.
As
autoridades da Birmânia, onde mais de 90% da população é budista, não
reconhecem cidadania aos rohingya, uma minoria apátrida considerada pelas
Nações Unidas como uma das mais perseguidas do planeta.
Apesar
de muitos viverem no país há gerações, não têm acesso ao mercado de trabalho,
às escolas, aos hospitais e o recrudescimento do nacionalismo budista nos
últimos anos levou a uma crescente hostilidade contra eles, com confrontos por
vezes mortíferos.
Lusa
| em SAPO TL
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