domingo, 1 de outubro de 2017

Manifestantes em Hong Kong assinalam três anos do movimento pró-democracia 'Occupy'

Hong Kong, China, 28 set (Lusa) -- Centenas de pessoas concentraram-se hoje no exterior da sede do Governo de Hong Kong para assinalar o terceiro aniversário do início do movimento pró-democracia "Occupy", que levou à ocupação das ruas durante 79 dias para pedir sufrágio universal.

Pelas 17:58 (10:58 em Lisboa) -- o exato momento em que a polícia disparou gás lacrimogénio contra os manifestantes -- foram cumpridos três minutos de silêncio, enquanto se ouviam sons de disparos de gás lacrimogéneo e eram lançados vapores para simular a propagação do químico nocivo, informou a Rádio e Televisão Pública de Hong Kong (RTHK).

O terceiro aniversário do movimento 'Occupy', que também ficou conhecido como 'Umbrella Revolution' [Revolução dos Guarda-Chuvas], decorre numa altura em que vários ativistas, incluindo o jovem rosto destes protestos, Joshua Wong, cumprem penas de prisão desde agosto.


Mais de 40 grupos pró-democracia participaram no evento de hoje em Admiralty, no centro de Hong Kong.

Representantes dos diversos grupos discursaram e instaram as pessoas a não desistirem do espírito do movimento pró-democracia.

Alguns dos presentes disseram que não estavam satisfeitos com a falta de progresso no desenvolvimento democrático da cidade desde os históricos protestos.

Outros quiseram manifestar o seu apoio jovens líderes do movimento atualmente presos: Joshua Wong, Nathan Law e Alex Chow.

Joshua Wong (20 anos), Alex Chow (27 anos) e Nathan Law (24 anos) foram condenados no mês passado, respetivamente, a seis, sete e oito meses de prisão, uma sentença agravada após recurso do Departamento de Justiça de Hong Kong da decisão judicial de há um ano.

Wong e Chow foram previamente declarados culpados de assembleia ilegal e Law de incitar outros a uma reunião ilícita por invadirem uma área no exterior da sede do Governo, conhecida como Praça Cívica, no âmbito de um protesto a 26 de setembro de 2014.

Os dois primeiros tinham sido condenados a trabalho comunitário, que já cumpriram, enquanto Chow foi inicialmente condenado a três semanas de prisão, mas com pena suspensa.

Nathan Law, que se tornou o mais jovem deputado eleito em setembro de 2016, foi um dos seis deputados desqualificados nos últimos meses pela forma como prestaram juramento no Conselho Legislativo (parlamento) da cidade.

Em 2014, Hong Kong parou com protestos para exigir que o sufrágio universal -- esperado para a eleição deste ano -- fosse genuíno, ou seja, não implicasse, como Pequim propunha, que os candidatos a chefe do Governo fossem selecionados pelo colégio eleitoral de 1.200 membros, visto como próximo de Pequim.

As imagens daquela que ficou conhecida como a 'Revolução dos Guarda-Chuvas' correram mundo, mas o movimento falhou.

Os democratas não conseguiram que Pequim abdicasse da pré-seleção dos candidatos e rejeitaram a proposta de reforma política, mantendo o método de voto como estava.

Desde então não foram poucos os tumultos a que a cidade assistiu, do desaparecimento de cinco livreiros que publicavam livros críticos do regime chinês, passando pelo emergir de movimentos independentistas e pela interferência de Pequim para afastar do cargo dois deputados eleitos pela população.

FV (ISG) // VM

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