Sydney,
Austrália, 21 nov (Lusa) -- Os estudantes estrangeiros e os mochileiros que
trabalham na Austrália são vítimas de uma exploração laboral "endémica e
grave" em diversas indústrias da Austrália, indicou um estudo hoje
publicado no país oceânico.
Quase
30% dos estudantes internacionais e dos mochileiros que trabalham no país
ganham por hora cerca de 12 dólares australianos (7,72 euros) ou menos, quando
o salário mínimo legal previsto para o trabalho ocasional na Austrália é de
18,29 dólares australianos (11,7 euros) por hora, enquanto quase metade afirmou
receber 15 dólares ou menos (11,32 euros).
A
Austrália conta mais de 900 mil imigrantes com vistos temporários que
representam até 11% do mercado laboral.
O
estudo publicado abrange 4.322 migrantes de 107 nacionalidades diferentes,
entrevistados de forma anónima entre setembro e dezembro de 2016 através da
Internet em 13 idiomas. Mais de metade declarou-se como estudante, enquanto um
terço afirmou ser mochileiro.
"Pelo
menos um em cada cinco norte-americanos, britânicos, indianos, brasileiros e
chineses ganharam cerca de metade do salário mínimo", indicou o relatório
"Roubo Salarial na Austrália", elaborado pela Universidade
Tecnológica de Sydney (UTS, na sigla em inglês) e pela Universidade de Nova
Gales do Sul (UNSW, na sigla em inglês).
"Descobrimos
que a esmagadora maioria dos estudantes internacionais e mochileiros têm
consciência de que são mal pagos. No entanto, acham que poucos com o mesmo tipo
de visto recebem o salário mínimo legal", explicou Bassina Farbenblum, da
UNSW, uma das coautoras do estudo.
Os
trabalhadores estrangeiros com vistos temporários procedentes da Ásia,
incluindo da China, Vietname ou Taiwan, tendem a receber vencimentos menores do
que os oriundos da América do Norte, Irlanda e Reino Unido, segundo um
comunicado da UNSW.
O
estudo, que também foi elaborado por Laurie Berg, da UTS, mostrou que a
referida prática de 'roubo salarial' é particularmente prevalente no setor da
restauração e "muito grave" na colheita sazonal de frutas e legumes.
Segundo
o estudo, existem casos que podem mesmo configurar trabalho forçado. Em 91
casos, os entrevistados denunciaram que os seus passaportes foram confiscados,
enquanto 173 relataram que tiveram que pagar antecipadamente um
"depósito" de até 1.000 dólares australianos (643,3 euros) e 112
afirmaram ter sido obrigados a devolver dinheiro vivo aos empregadores depois
de receberem os salários.
A
ministra do Emprego australiana, Michaelia Cash, já reagiu ao relatório,
pedindo aos jovens que se sintam explorados para contactar a entidade governamental
responsável pelas condições de trabalho.
DM
// EJ
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