Díli, 08 fev (Lusa) - A ministra
da Justiça timorense, Maria Ângela Carrascalão, criticou quem nos últimos meses
tem tentado dividir a sociedade timorense, procurando na pré-campanha para as
eleições antecipadas reacender debates antigos, incluindo entre os "de
dentro e os de fora".
"Não gosto deste tipo de
discurso. Gosto menos ainda quando se fala da divisão entre os de fora e os de
dentro. É assim que nascem os problemas entre os lorosae [do leste] e os
loromono [do oeste], entre os brancos e os mestiços, entre os originários e
adquiridos", afirmou à agência Lusa.
"Quando não há mais
argumentos, pegam nisto para dividir os timorenses. Não creio que seja um bom
caminho. Precisamos de ter ética e não nos atacarmos entre nós. O futuro do
país exige que não estejamos divididos", considerou.
A tensão política que se vive em
Timor-Leste há vários meses tem feito reacender debates antigos na sociedade
timorense, com as redes sociais marcadas por referências a diferenças entre a
frente armada e a frente diplomática da luta contra a ocupação indonésia.
Alguns militantes ligados aos
partidos da oposição e até alguns artigos na imprensa timorense têm vindo a
sugerir que as eleições antecipadas, previstas para maio, vão colocar frente a
frente homens da frente armada, como Xanana Gusmão e Taur Matan Ruak - líderes
dos maiores partidos da oposição, CNRT [Congresso Nacional da Reconstrução
Timorense] e PLP [Partido Libertação Popular] -, e líderes da frente
diplomática, como Mari Alkatiri e José Ramos-Horta, juntos no Governo.
Maria Ângela Carrascalão, que é
militante da União Democrática Timorense (UDT) e integra o VIII Governo
constitucional, disse que a sua participação no Governo - liderado pela Frente
Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin) e pelo Partido
Democrático (PD) - é sinal da importância dos timorenses trabalharem juntos.
"O senhor primeiro-ministro Mari
Alkatiri deu uma boa lição. Foi um ato de coragem ter-me escolhido. Todos sabem
que não somos do mesmo partido, mas apesar disso deu-me este voto de confiança.
São bons estes passos. Timor não precisa de divisão", afirmou.
"Não devíamos falar desse aspeto
difícil de quem esteve dentro e fora. Ou fora foram apenas os que estiveram em
Portugal, em África ou na Austrália? E os que estiveram na Indonésia? Também
estiveram fora. Por isso devíamos ficar por aqui", afirmou.
Os eleitores timorenses voltam às
urnas em maio, menos de dez meses depois de terem votado para eleger os 65
membros do Parlamento Nacional, dissolvido desde 26 de janeiro.
ASP // EJ
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