segunda-feira, 19 de fevereiro de 2018

Tailândia condecora responsável pela limpeza étnica da minoria muçulmana rohingya


Banguecoque, 18 fev (Lusa) -- A Tailândia condecorou o chefe do Exército birmanês, o general Min Aung Hlaing, considerado o arquiteto da perseguição à minoria muçulmana rohingya, classificada pelas Nações Unidas como limpeza étnica, noticiou a imprensa local.

Segundo o comandante supremo das Forças de Defesa da Tailândia, general Thanchaiyan Srisuwan, Hlaing foi distinguido com a Grande Cruz de Cavaleiro da Ordem do Elefante Branco por contribuir para a "história de cooperação" entre os dois países.

"A proximidade nas relações militares sempre melhora as coisas para que não ocorram problemas", declarou o general tailandês.

O anúncio da condecoração ao responsável pela limpeza étnica dos rohingya integra-se numa visita oficial de três dias que o chefe do Exército birmanês iniciou na sexta-feira em Banguecoque.

Esta é a segunda condecoração que o general da Birmânia recebe da Tailândia que, em 2013, já lhe tinha atribuído a Grande Cruz de Cavaleiro da Nobre Ordem da Coroa.

Mais de 650.000 pessoas da minoria rohingya permanecem como refugiados no Bangladesh, para onde fugiram assim que começou a operação militar iniciada pelo Exército da Birmânia em agosto passado no estado de Rakéin, no oeste, onde vivia esta comunidade.

A operação incluiu milhares de assassinatos, a destruição, através de incêndios, de centenas de aldeias, a violação de mulheres, assim como a devastação de campos de cultivo e de gado, numa perseguição premedita e sistemática contra a minoria que é atribuída ao general Hlaing.

A União Europeia cortou as relações com o Exército da Birmânia na sequência desta limpeza étnica, que tem suscitado duras críticas à líder civil do país e Nobel da Paz, Aung San Suu Kyi.

A Birmânia não reconhece a cidadania aos rohingya, que considera imigrantes bengalis, e sujeita-os a diferentes tipos de discriminação, incluindo restrições à liberdade de movimentos.

Segundo a organização não-governamental Médicos sem Fronteiras, a intervenção das forças birmanesas causou a morte de pelo menos 6.700 membros desta minoria.

SR // SR

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