Porto, 18 fev (Lusa) - Os primeiros dicionários 'online'
Português/Chinês e Chinês/Português agora disponibilizados foram feitos a
partir de Macau por Ana Cristina Alves, demoraram cerca de um ano e da equipa
que o produziu consta uma professora chinesa de português e mandarim.
Doutorada em Filosofia da História e da Cultura Chinesa, Ana
Cristina Alves disse hoje à agência Lusa que quando lhe foi feito o desafio
pensou que "não iria ser capaz", pois à data lecionava na
Universidade de Macau e "não tinha tempo".
"Mas logo me foi dito que teria a equipa de informática
da Porto Editora a trabalhar comigo e, ao fim de um ano o trabalho estava
feito, em menos tempo do que aquele que me davam", salientou a autora de
vários livros e manuais sobre a língua e cultura chinesas.
O facto de o desafio ter sido "bastante aplacado"
pela colaboração que lhe chegava do Porto, foi no "trabalho de
pesquisa" na tradução para chinês moderno das entradas que lhe chegavam de
Portugal que encontrou as "maiores dificuldades".
"Foi uma pesquisa enorme pois cada entrada tem vários
sentidos e havia que verificar quais eram as oportunas para cada uma
delas", explicou a docente, vincando que o trabalho feito foi no
"sentido de criar um dicionário que seja básico e essencial, para os
contemporâneos".
E prosseguiu: "não se trata de um dicionário erudito,
mas sim para comunicação, em que tanto os estudantes, turistas e empresários o
possam utilizar".
Para a autora dos livros "A Sabedoria Chinesa"
(2005), "A Mulher na China" (2007) e do manual Chinês/Português e
Português/Chinês (2010), a preparação do dicionário informático representou
"um desafio muito diferente", dada a sua "experiência ser no
campo teórico, de ensino e na preparação de manuais", recorrendo à
metáfora para explicar de que modo teve de se readaptar para que a obra
surgisse.
"Para o efetuar tive de despir um pouco o meu lado
teórico e académico para ir ao encontro das necessidades práticas da nossa
sociedade", descreveu Ana Cristina Alves cujo critério da escolha levou a
que a obra hoje publicada obrigasse a que "25 mil dessas entradas fossem
retiradas, ficando só as expressões essenciais".
A parte do dicionário feita em Macau contou ainda com outra
ajuda "preciosa" da universidade local, ficando a revisão a cargo da
colega chinesa Ao Sio Heng, professora de português e chinês de iniciação.
Agitada pelo "nervoso miudinho" que a acompanhou
na coordenação do dicionário, a especialista confessou à Lusa que para
conseguir dar resposta ao trabalho houve dias em que teve de "acordar às 02:00
para traduzir e depois ir dar aulas".
E com a obra a ser lançada em Portugal no dia em que se
assinala o Ano Novo Chinês é de um maior investimento na cultura chinesa que a
autora do livro de investigação "Culturas em Diálogo. A Tradução
Chinês-Português" (2016) fala.
"Os chineses gostam muito da língua deles e os
carateres são uma das características da sua cultura e pode ainda muito ser
feito em termos de dicionários etimológicos, de provérbios, adágios e
aforismos", desafiou.
Nos dicionários hoje disponibilizados no 'site' Infopédia.pt
constam mais 25.500 entradas e cerca de 36.500 traduções.
JYFO/NL
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