Díli, 19 mar (Lusa) - O Governo
timorense assinou hoje uma carta de intenções com duas empresas indonésias para
a instalação de um cabo de fibra ótica entre a ilha indonésia de Alor e
Timor-Leste, num investimento de cerca de 20 milhões de dólares.
A carta foi assinada pelo
primeiro-ministro timorense, Mari Alkatiri, e pelos representantes das empresas
Moratelindo e Telin, que criarão uma empresa de direito timorense para gerir o
projeto e que vai ser liderada pelo timorense Vicente Maubocy.
Para Mari Alkatiri, trata-se de
um projeto essencial para "romper o isolamento de Timor-Leste face ao
mundo e para ajudar ao desenvolvimento do país" que terá "grandes
benefícios para os timorenses, para o país e para a comunicação com o
mundo".
"Para conseguir o
desenvolvimento temos que romper o isolamento. No mundo globalizado de hoje,
sem comunicação de qualidade ou cara, fica mais demorado esse contrato",
afirmou, explicando que esta é uma "prioridade absoluta" para o
executivo.
"Este projeto é positivo
porque representa investimento estrangeiro direto, que mostra confiança no
país, terá um grande impacto na economia e facilitará o combate às assimetrias
do país", sublinhou.
Michael McPhail, representante da
Moratelindo, considerou o projeto um "grande passo para o desenvolvimento
de Timor-Leste" com benefícios para todos os setores mas, particularmente,
"para a população que verá os custos baixar significativamente".
Entre outros projetos, a empresa
foi a primeira a ligar a Indonésia a Singapura por banda larga e tem já marcado
os locais por onde passará a ligação para Timor-Leste com um cabo que está a
ser fabricado na Alemanha.
O cabo, explicou, permitirá uma velocidade
de 100 gigabytes por segundo, "que pode ainda ser aumentada", e que
equivale "a descarregar 10 mil canções por segundo".
Para o responsável da Telin, Yogi
Bahar, o projeto requer agora o apoio do Governo em termos de agilizar a
documentação necessária permitindo que "dentro de seis meses" haja
fibra ótica a chegar a Timor-Leste.
A Telin é a empresa indonésia que
controla a Telkomcel, uma das três operadoras do mercado de telecomunicações em
Timor-Leste.
Em declarações à Lusa, Maubocy
explicou que o projeto será feito em duas fases, a primeira a ligação do cabo
até um ponto próximo de Taci Tolo, na saída oeste da capital timorense e,
depois, a segunda fase de ligação aos distritos.
Inácio Moreira, vice-ministro de
Desenvolvimento para Transportes e Comunicações, explicou à Lusa que a nota de
investimento prevê que o Estado "não tenha que injetar quaisquer
fundos" na construção do cabo de cerca de 190 quilómetros.
"Trata-se de um projeto que
é de puro investimento privado, ou seja, sem qualquer contrapartida do Estado
para o projeto. Os dois investidores querem ainda dar ao Governo uma 'golden
share' de 30% [na empresa]", explicou Moreira.
A assinatura de hoje ocorreu um
mês depois de as empresas terem apresentado o projeto ao Conselho de Ministros,
detalhando que o objetivo era promover o acesso e a velocidade no fornecimento
dos serviços de internet de banda larga a todo o país.
Quando se concretizar, esta
ligação unirá Timor-Leste ao projeto conhecido como 'Palapa Ring' (Anel de
Palmeira), um investimento de cerca de mil milhões de dólares com três secções
- oeste, centro e leste - que no total representam mais de 13 mil quilómetros
ao longo do arquipélago indonésio.
Inácio Moreira explicou que o
cabo que vai para Timor-Leste vai conectar um ponto de junção na zona de Alor,
província de Nusa Tenggara Oriental a um ponto em Timor-Leste.
ASP // VM
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