segunda-feira, 19 de março de 2018

Governo timorense assina carta de intenções para cabo submarino de fibra ótica


Díli, 19 mar (Lusa) - O Governo timorense assinou hoje uma carta de intenções com duas empresas indonésias para a instalação de um cabo de fibra ótica entre a ilha indonésia de Alor e Timor-Leste, num investimento de cerca de 20 milhões de dólares.

A carta foi assinada pelo primeiro-ministro timorense, Mari Alkatiri, e pelos representantes das empresas Moratelindo e Telin, que criarão uma empresa de direito timorense para gerir o projeto e que vai ser liderada pelo timorense Vicente Maubocy.

Para Mari Alkatiri, trata-se de um projeto essencial para "romper o isolamento de Timor-Leste face ao mundo e para ajudar ao desenvolvimento do país" que terá "grandes benefícios para os timorenses, para o país e para a comunicação com o mundo".

"Para conseguir o desenvolvimento temos que romper o isolamento. No mundo globalizado de hoje, sem comunicação de qualidade ou cara, fica mais demorado esse contrato", afirmou, explicando que esta é uma "prioridade absoluta" para o executivo.

"Este projeto é positivo porque representa investimento estrangeiro direto, que mostra confiança no país, terá um grande impacto na economia e facilitará o combate às assimetrias do país", sublinhou.

Michael McPhail, representante da Moratelindo, considerou o projeto um "grande passo para o desenvolvimento de Timor-Leste" com benefícios para todos os setores mas, particularmente, "para a população que verá os custos baixar significativamente".

Entre outros projetos, a empresa foi a primeira a ligar a Indonésia a Singapura por banda larga e tem já marcado os locais por onde passará a ligação para Timor-Leste com um cabo que está a ser fabricado na Alemanha.

O cabo, explicou, permitirá uma velocidade de 100 gigabytes por segundo, "que pode ainda ser aumentada", e que equivale "a descarregar 10 mil canções por segundo".

Para o responsável da Telin, Yogi Bahar, o projeto requer agora o apoio do Governo em termos de agilizar a documentação necessária permitindo que "dentro de seis meses" haja fibra ótica a chegar a Timor-Leste.

A Telin é a empresa indonésia que controla a Telkomcel, uma das três operadoras do mercado de telecomunicações em Timor-Leste.

Em declarações à Lusa, Maubocy explicou que o projeto será feito em duas fases, a primeira a ligação do cabo até um ponto próximo de Taci Tolo, na saída oeste da capital timorense e, depois, a segunda fase de ligação aos distritos.

Inácio Moreira, vice-ministro de Desenvolvimento para Transportes e Comunicações, explicou à Lusa que a nota de investimento prevê que o Estado "não tenha que injetar quaisquer fundos" na construção do cabo de cerca de 190 quilómetros.

"Trata-se de um projeto que é de puro investimento privado, ou seja, sem qualquer contrapartida do Estado para o projeto. Os dois investidores querem ainda dar ao Governo uma 'golden share' de 30% [na empresa]", explicou Moreira.

A assinatura de hoje ocorreu um mês depois de as empresas terem apresentado o projeto ao Conselho de Ministros, detalhando que o objetivo era promover o acesso e a velocidade no fornecimento dos serviços de internet de banda larga a todo o país.

Quando se concretizar, esta ligação unirá Timor-Leste ao projeto conhecido como 'Palapa Ring' (Anel de Palmeira), um investimento de cerca de mil milhões de dólares com três secções - oeste, centro e leste - que no total representam mais de 13 mil quilómetros ao longo do arquipélago indonésio.

Inácio Moreira explicou que o cabo que vai para Timor-Leste vai conectar um ponto de junção na zona de Alor, província de Nusa Tenggara Oriental a um ponto em Timor-Leste.

ASP // VM

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