António Veríssimo | opinião
Taur Matan Ruak, novo
primeiro-ministro de Timor-Leste, foi ontem (22) empossado, assim como parte
dos ministros e secretários de estado que constituem o VIII governo
constitucional. A posse de outros membros do governo propostos pelo PM ficou
adiada por recusa do PR Lu Olo devido a alguns nomes de propostos estarem conotados e/ou condenados por corrupção, assim como alguns que ainda
estão a ser investigados pela justiça e que fizeram parte de governos anteriores, de Xanana
Gusmão.
O procedimento do PR Lu Olo foi
inteiramente transparente e protetor dos interesses do estado e da república
timorense, tendo contribuído de modo iniludível para a importância do combate à
corrupção existente em Timor-Leste. Mas assim não entendeu Xanana Gusmão, que
em protesto não compareceu na cerimónia de posse e tornou pública a sua decisão
contestatária.
Também muitos timorenses e outros
que observam ou de algum modo estão ligados a Timor-Leste não entenderam nem
entendem que Taur Matan Ruak, primeiro-ministro, tenha aceite integrar no seu
governo potenciais corruptos já condenados ou outros que estão a ser investigados
por esse mesmo crime devido a indícios existentes. Tanto mais que Taur sempre
bramiu com insistência e vigor a “espada” da luta contra a corrupção.
Quanto à atitude contestatária de
Xanana Gusmão devido à decisão de recusa presidencial observa-se normalidade,
porque Xanana sempre demonstrou conviver amenamente no âmbito da corrupção
tantas vezes apontada em governos do seu primado e dos quais foram produzidos
pela justiça timorense alguns condenados. No que toca diretamente à sua pessoa
foi facto que quando foi perspetivada a ação da justiça em o investigar é que a
situação não foi pacífica, culminando com a expulsão de magistrados portugueses
e outros do país. E depois disso “a montanha pariu um rato”.
Timor-Leste consta de índices internacionais
que o apontam como país de elevada corrupção. Por isso existem organismos de
combate à corrupção e pessoas de bem que estão atentas e ativas nessa "guerra". Compreende-se absolutamente correta e exigível a decisão do presidente
da república timorense, Lu Olo. A não se combater com frontalidade e veemência o
fenómeno que tanto prejudica países e povos, ao aceitar potenciais e/ou
comprovados corruptos já anteriormente condenados, qualquer pessoa entende com clareza
que o pão pode voltar a ser retirado da boca do povo por esses criminosos. Juntar
essas pessoas num governo ou na administração pública, em cargos de decisão e
poder, será quase o mesmo que assistirmos a um nefasto “milagre”. Neste caso, não
da bíblica multiplicação dos pães mas sim da multiplicação de corruptos. AV = MM
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