Díli, 06 jul (Lusa) - O
Presidente timorense nomeou hoje três novos membros do VIII Governo
Constitucional, entre eles Xanana Gusmão, que vai ter uma pasta ampliada ao
assumir funções de um outro membro proposto do executivo a quem não tinha sido
dada posse.
Além de ministro de Estado e
Conselheiro do primeiro-ministro, Xanana Gusmão vai reassumir as funções que
teve no VI Governo constitucional como ministro do Planeamento e Investimento
Estratégico, desta feita num executivo liderado por Taur Matan Ruak.
O decreto de nomeação assinado
hoje pelo Presidente da República e publicado no Jornal da República inclui
ainda a nomeação de Filomeno Paixão, como ministro da Defesa.
Num outro decreto, publicado
também hoje, Lu-Olo exonera Paixão do cargo de número dois das Forças de Defesa
de Timor-Leste (F-FDTL).
A lista de três nomeados inclui
ainda o secretário de Estado das Pescas, Rogério Araújo Mendonça.
Apesar de estarem os três
formalmente nomeados, fonte da Presidência e fonte do gabinete do
primeiro-ministro confirmaram à Lusa que apenas um deles, Filomeno Paixão, vai
tomar posse na segunda-feira.
O decreto hoje publicado não
resolve na totalidade o impasse que se mantém entre o Presidente e o
primeiro-ministro, Taur Matan Ruak, relativamente a um grupo inicial de 11
pessoas a quem o chefe de Estado não deu posse no dia 22, quando entrou em
funções o VIII Governo.
A ampliação das funções de Xanana
Gusmão sugere um acordo num dos casos, o de Gastão de Sousa, que estava
proposto como ministro do Planeamento e Investimento Estratégico e a quem o
Presidente não deu posse, em particular por estar envolvido num processo
judicial em curso.
Fonte da Aliança de Mudança para
o Progresso (AMP), a coligação de maioria absoluta que apoia o Governo, admite
ceder no caso de Gastão e de outro ministro proposto, Marcos da Cruz, por
estarem já em casos perante os tribunais.
No entanto, continua a rejeitar a
posição de Lu-Olo que quer travar um grupo de pelo menos sete outros por
estarem, alegadamente, envolvidos noutros casos em investigação e dois outros
por "questões éticas".
Entre os nomes excluídos
contam-se elementos centrais dos partidos da AMP e do organigrama do executivo,
incluindo o ministro de Estado e Coordenador dos Assuntos Económicos e o
ministro das Finanças.
A decisão de Lu-Olo levou na
altura Xanana Gusmão, líder da AMP, a informar que não tomava posse como
ministro de Estado e conselheiro do primeiro-ministro, tendo estado também
ausente da cerimónia o ministro do Petróleo e Minerais, Alfredo Pires.
A situação política em
Timor-Leste levou o Presidente da República a cancelar a sua participação na
cimeira da CPLP em Cabo Verde, este mês, mantendo a intenção de visitar
Portugal, embora esta deslocação não esteja ainda totalmente confirmada.
Uma fonte da Presidência confirmou
que a decisão foi comunicada na quarta-feira numa carta que Francisco Guterres
Lu-Olo enviou ao Parlamento Nacional - que tem que aprovar as deslocações do
chefe de Estado ao estrangeiro - que altera um pedido anterior.
Nesse novo texto, Lu-Olo mantém o
pedido para a visita de Estado a Portugal - a sua partida está prevista para
terça-feira - e cancela o pedido para a visita a Cabo Verde.
A carta foi avaliada hoje na
conferência de líderes das bancadas do parlamento que aprovaram o seu
agendamento para debate e votação na sessão de segunda-feira do parlamento.
No entanto, fontes da oposição
admitem que essa autorização pode não ser dada devido ao impasse que permanece
entre Lu-Olo e o primeiro-ministro, Taur Matan Ruak, sobre as nomeações para o
VIII Governo.
"Veremos na
segunda-feira", disse um deputado da oposição.
ASP // VM
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