Díli,
20 ago (Lusa) - O Presidente timorense comprometeu-se hoje a manter o diálogo
com o primeiro-ministro para ultrapassar o atual impasse político e garantiu
que a formação do Governo, por concluir há quase dois meses, será resolvida com
serenidade.
"Alguns
chamam-lhe crise, outros impasse. Eu opto por chamar-lhe desafio. O termo
desafio exige de nós capacidade, inteligência e diálogo, falarmos frente a
frente, de coração aberto, com vontade de encontrar a melhor solução para o
nosso povo e nação", disse, em Díli, Francisco Guterres Lu-Olo.
"É
isto que está a acontecer atualmente. Como Presidente da República, procuro
manter o diálogo com o primeiro-ministro no sentido de garantir a boa
governação ao longo do seu mandato de cinco anos. É esta a minha obrigação como
Presidente da República, segundo a Constituição. Estamos em diálogo. De forma
serena e respeitando as competências de cada um, consagradas na nossa
Constituição", frisou.
Francisco
Guterres Lu-Olo falava nas cerimónias do 43.º aniversário das Falintil, braço
armado da Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin) e, desde
1987, o braço armado da resistência timorense que a 01 de fevereiro de 2001
foram convertidas nas atuais forças de defesa F-FDTL.
O
chefe de Estado timorense considerou o "espírito das Falintil" como
elemento motivador para a ação da liderança política e da população em geral
para decidir o que querem deixar "como legado dos guerrilheiros das
Falintil às gerações atuais e futuras".
Um
"amor pela pátria e pelo povo", um "espírito de sacrifício,
coragem, coração aberto, solidariedade e de entrega total à luta pela
libertação nacional", que obriga a encontrar soluções de diálogo e
consenso, disse.
"Despertar
com o espírito das Falintil significa pôr de parte os interesses individuais,
partidários ou de grupo, em prol do amor pelo povo e pela pátria",
sublinhou Lu-Olo.
Há
quase dois meses que o processo de formação do Governo, saído das eleições de
12 de maio, está num impassse, depois de o Presidente timorense ter recusado
empossar alguns nomes escolhidos pelo primeiro-ministro, Taur Matan Ruak, por
terem "o seu nome identificado nas instâncias judiciais competentes"
ou possuírem "um perfil ético controverso".
Na
semana passada, o primeiro-ministro timorense pediu ao Presidente Lu-Olo o
adiamento 'sine die' da tomada de posse de três membros do executivo, "em
solidariedade" com um outro grupo de elementos do Governo que ainda não
foram nomeados.
A
carta de Taur Matan Ruak respondia a um ofício do Presidente relativo à nomeação
de Samuel Marçal para o cargo de ministro do Planeamento e Investimento
Estratégico, do ministro do Petróleo e Recursos Minerais, Alfredo Pires, e do
secretário de Estado das Pescas, Rogério Araújo.
O
impasse mantém-se em relação a nove nomes. Sete do Congresso Nacional da
Reconstrução Timorense (CNRT), Francisco Kalbuadi Lay, Virgílio Smith, Tomás do
Rosário Cabral, Jacinto Rigoberto Gomes de Deus, Hélder Lopes, Amândio de Sá
Benevides, Sérgio Gama da C. Lobo, e dois do Kmanek Haburas Unidade Nacional
Timor Oan (KHUNTO), António Verdial de Sousa e José Manuel Soares Turquel de
Jesus.
O
CNRT, o KHUNTO e o Partido Libertação Popular (PLP) integram a Aliança de
Mudança para o Progresso (AMP), coligação que venceu as legislativas com
maioria absoluta.
Numa
primeira cedência do Governo, o primeiro-ministro eliminou da lista de nomeados
dois dos nomes inicialmente propostos, que estão, atualmente, envolvidos em
processos já nos tribunais: Gastão de Sousa, proposto como ministro do
Planejamento e Investimento Estratégico (MPIE), e Marcos da Cruz, indicado para
vice-ministro da Agricultura e Pescas.
Com
a nomeação dos três novos membros, continuam por nomear seis membros do
Governo, incluindo o ministro das Finanças.
ASP
// EJ
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