Díli,
20 ago (Lusa) - O Presidente timorense defendeu hoje, em Díli, a criação de um
Serviço Cívico Nacional para "ensinar e fortalecer os jovens" e de um
Conselho Estratégico Militar para quadros superiores das forças de defesa.
Francisco
Guterres Lu-Olo falava nas cerimónias do 43º aniversário das Falintil, braço
armado da Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin) e, desde
1987, o braço armado da resistência timorense que a 1 de fevereiro de 2001
foram convertidas nas atuais forças de defesa (F-FDTL).
Num
discurso em que homenageou o espírito das Falintil, Lu-Olo defendeu ser
necessário, independentemente de pensões ou outros programas existentes,
valorizar os ex-membros das Falintil que agora dirigem as F-FDTL e que
"brevemente deixarão a vida militar".
"Tendo
em conta a sua longa e valiosa experiência e sabedoria e a sua idade avançada é
necessário refletir com urgência sobre como envolvê-los na consolidação das
F-FDTL e na construção de Timor-Leste com os valores e princípios da luta, os
quais estão consagrados na Constituição da República Democrática de
Timor-Leste", disse o Presidente timorense.
Entre
outras medidas, Lu-Olo defendeu a criação de "programas de reinserção
social para ex-membros das Falintil e F-FDTL (desmobilizados em 2011 e 2015)
que ainda dispõem da capacidade necessária para melhorarem a sua vida e a da
sua família".
Lu-Olo
propôs ainda a criação de uma unidade especial em todos os hospitais municipais
"direcionada para os veteranos e combatentes da Libertação Nacional e
familiares".
O
Presidente defendeu a formação a nível municipal de uma equipa responsável por
organizar as comemorações do aniversário das Falintil, fazer o levantamento de
dados junto de ex-combatentes e indicar "de que forma é que o Estado pode
apoiar projetos que visem a melhoria do seu bem-estar, com base em iniciativas
dos próprios ex-combatentes".
O
chefe de Estado considerou necessário acelerar o "mapeamento dos locais de
interesse histórico em todo o território", alargando uma iniciativa que já
foi feita em Díli e que pode ser "extremamente importante para a promoção
do turismo histórico".
Sobre
o Serviço Cívico Nacional, Lu-Olo apoiou uma proposta já avançada pelo
antecessor e atual primeiro-ministro, Taur Matan Ruak, e que considerou
importante "para que as gerações jovens mantenham aceso o espírito das
Falintil".
"Este
programa permitirá aos jovens adquirir o sentido de hierarquia, o espírito de
disciplina e de dedicação, enquanto lhes ensina a amar e a defender os
interesses do povo e do Estado", disse.
"As
entidades relevantes do Estado, com o apoio do Conselho Estratégico Militar,
devem identificar as necessidades das Forças Armadas e realizar uma ação de
recrutamento com base nestas necessidades", acrescentou.
Perante
as principais individualidades do país, Lu-Olo recordou a força histórica da
Falintil, cujo nome continua a fazer parte das F-FDTL como "ponte entre o
passado glorioso e os dias de hoje" e para recordar "o espírito"
dos antigos guerrilheiros timorenses.
Lu-Olo,
que como chefe de Estado é o comandante supremo das F-FDTL, pertenceu às
Falintil, lutando contra a ocupação indonésia até ao seu final, em 1999.
"Como
político e também guerrilheiro, pude assistir, ouvir e sentir os gemidos do
nosso povo nas montanhas, embebidos de coragem e determinação, durante 24
anos", lembrou.
Lu-Olo
saudou os esforços feitos até aqui para apoiar os veteranos e combatentes da
luta pela libertação, incluindo a recente aprovação do decreto que cria o
Conselho dos Combatentes da Libertação Nacional.
Os
veteranos do país recebem ainda apoio financeiro do Estado, num valor que
rondará, este ano, os 100 milhões de dólares.
ASP
// MIM
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