segunda-feira, 17 de setembro de 2018

Presidente timorense quer maior combate à corrupção para evitar delapidar recursos públicos


Díli, 17 set (Lusa) - O Presidente timorense, Francisco Guterres Lu-Olo, pediu hoje um compromisso nacional para combater a corrupção que continua a "delapidar recursos públicos essenciais".

"Quero apelar a um compromisso mais consequente na tomada de iniciativas legislativas e de política pública e de ações coordenadas, múltiplas e consequentes, tanto preventivas como investigativas e sancionatórias, na luta contra a corrupção, com pleno uso dos instrumentos legais, meios e mecanismos institucionais de que dispomos", afirmou.

Lu-Olo falava no Parlamento Nacional na sessão solene que assinalou hoje o arranque da 5ª legislatura, onde proferiu um longo discurso sobre alguns dos temas dominantes em Timor-Leste.

"Devemos agir já e continuamente na luta contra a corrupção, impedindo que se torne numa corrupção macrocéfala e ramificada, como que um polvo gigante e poderoso mas de contornos difusos e difíceis de detetar e de eliminar, que afete as funções de governação e administração pública", disse.

Aproveitando a presença dos deputados, o chefe de Estado voltou a defender um debate e aprovação sobre uma lei anticorrupção.

"Estejamos conscientes de que precisamos de encontrar soluções jurídicas próprias e modos de agir adequados para combater este fenómeno, sem prejuízo dos direitos e liberdades individuais e sociais consagrados na nosso Constituição da República e acordos internacionais de que somos titulares", disse.

"Certamente que é urgente uma lei adequada para um combate eficaz à corrupção - é a Lei anticorrupção cujo projeto já foi proposto pelos Deputados seus signatários nesta V Legislatura", afirmou.

Considerando que a "corrupção é um fenómeno que provoca a delapidação de recursos públicos significativos e desvios da sua aplicação", o Presidente disse que "se tem tornado num fenómeno complexo e de difícil combate, que afeta a sociedade em geral e o Estado em particular".

"Verificam-se atos de corrupção tanto nos órgãos do Estado e da Administração Pública, como nas sociedades comerciais e concessionárias e nas organizações sociedade civis", disse.

De acordo com o chefe de Estado, "a corrupção tanto se manifesta através de preços exageradamente altos no aprovisionamento de bens e serviços como de ações que podem estar associadas a crimes transfronteiriços como o branqueamento de capitais, migração ilegal, tráfico de estupefacientes, tráfico de pessoas humanas e o terrorismo".

Por fim, Lu-Olo disse que importa valorizar e capacitar os instrumentos de combate ao problema, mas também os mecanismos de reforço da "boa governação, incluindo responsabilização, sistemas eficientes, informação e transparência, bem como a boa, célere e isenta investigação criminal, acusação e julgamento de casos de corrupção".

Trata-se, disse, de aplicar de forma mais eficaz as leis já em vigor e de melhorar a coordenação e funcionamento das instituições de prevenção e luta contra a corrupção - designadamente o Ministério Público, a Comissão Anti-Corrupção (CAC), a Polícia Científica e de Investigação Criminal (PCIC), a Unidade de Informação Financeira e a Comissão Nacional para a Implementação de Medidas Destinadas ao Branqueamento de Capitais e ao Financiamento do Terrorismo.

ASP // FST

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