Díli, 19 set (Lusa) - O Governo
timorense quer aprovar até dezembro uma moratória sobre a importação de
plástico e vai trabalhar com o setor privado para encontrar produtos e medidas
alternativas, anunciou hoje o secretário de Estado do ambiente.
"Queremos começar a fasear o
fim do uso do plástico em Timor-Leste e estamos já em contacto com empresas
para encontrar alternativas para o substituir", disse Demétrio de Amaral
de Carvalho.
"Até dezembro queremos levar
ao Conselho de Ministros um diploma interministerial sobre uma moratória sobre
a importação de plástico a partir de 2019", afirmou, num evento sobre o
combate ao uso do plástico em Timor-Leste.
O plástico é um dos maiores problemas
ambientais no sudeste asiático, com os oceanos da região a registarem elevados
níveis de poluição deste tipo de lixo, que continua a aumentar
significativamente.
Vietname, Filipinas e Indonésia
estão entre os maiores poluidores de plástico do mundo.
"Este é um esforço que tem
de ser de todos, das lojas de todas as dimensões, de quiosques médios e
pequenos. Temos que reduzir a quantidade de plástico. Em janeiro vamos começar
a implementar isto", disse.
"Temos que reforçar
mecanismos de substituição para encontrar produtos ou medidas alternativas,
talvez ter aqui algumas empresas que possam vir a produzir esses produtos em
Timor-Leste", explicou.
Demétrio de Carvalho falava na
abertura do seminário "Menos plástico, mais qualidade de vida", no
qual se debateram soluções para reduzir a utilização de plástico em
Timor-Leste.
"Entre 18 a 20 por cento do lixo que
vai para [a lixeira de] Tibar é plástico. Se reduzirmos o plástico
conseguiremos reduzir o lixo e evitar a grande poluição dos oceanos",
afirmou.
Encontrar alternativas para o uso
do plástico pode ser igualmente importante para o setor privado que gasta
valores significativos em sacos, contentores ou outro material de uso único.
Como exemplo, o secretário de
Estado deu o caso de um dos supermercados de Díli que diariamente usa, em
média, 175 quilos de plástico, vendidos pelo principal importador do país a
preços de entre 75 a
80 dólares por cada 25 quilos.
"Anualmente gastam cerca de
200 mil dólares (171 mil euros). Se seguirmos melhores políticas de plástico,
num ano o setor privado pode poupar entre 1,5 e dois milhões de dólares (entre
1,29 e 1,71 milhões de euros), abrindo novas oportunidades de negócios no setor
verde", disse.
José Ramos-Horta, ex-Presidente
da República, interveio no encontro para deixar uma mensagem dirigida
particularmente para os jovens, que vão para as praias "namorar" ou
que sobem aos pés da estátua do Cristo Rei e depois deixam lá o lixo.
"Será que os jovens
timorenses amam mesmo a nossa terra? Ouço os jovens a dizer que amam o país.
Mas vou ao Cristo Rei e mesmo aos pés da estatua, há plástico em todo o
lado", disse.
"Se eu fosse Deus e alguém
deitasse lixo aos meus pés eu mandava-lhe um raio. Sobem com garrafa de água e
depois deixam-na lá. Vão para as praias com as namoradas e namorados, com lixo,
e deixam-no lá. Isso não é amar o país", afirmou.
O seminário é uma iniciativa da
Scope Asia, uma organização com delegações na Suíça, Índia e Timor-Leste que
trabalha com parceiros em vários países e em vários setores, incluindo a proteção
ambiental.
Entre os parceiros envolvidos no
caso de Timor-Leste estão as empresas Avani, que produz alternativas para o uso
de plástico, e a Kmanek, uma das envolvidas na campanha.
O seminário abordou questões como
eliminar garrafas de plástico no consumo de água e 'ecoboxes' para o uso de
lixo orgânico, contudo, durante a iniciativa, cada uma das mais de 100 cadeiras
do público tinham em cima uma garrafa de água de plástico, não havendo
disponível qualquer outra forma para distribuir ou consumir água.
O uso das garrafas de plástico e
de caixas de espuma de poliestireno ou plástico para refeições representam uma
das partes mais significativas do lixo em Timor-Leste.
ASP // JMC
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