O voto de indignação
@Verdade | Editorial
Na última quarta-feira, 10 de
Outubro, os moçambicanos em 53 autárquicas do país não foram apenas às urnas
votar no seu partido de eleição ou num projecto político. Pelo contrário, foi
uma oportunidade para os eleitores demonstrarem o seu sentimento de indignação.
Ou seja, os eleitores foram às urnas depositar um voto de indignação contra o
Governo de turno para uma mudança que a população almeja há 20 anos, desde as
primeiras eleições multipartidárias.
Os resultados do escrutínio da
última quarta-feira, até agora divulgados, são sintomáticos do quão os
moçambicanos estão farto das mentiras e de promessas de um futuro melhor por
parte de indivíduos que não estão preocupados com o bem-estar do povo. A posição
dos eleitores moçambicanos encontra justificação na necessidade de inverter a
situação de eterna desgraça a que foi votada ou na regressão social e económica
imposta nos últimos anos pelo Governo da Frelimo.
Por exemplo, os resultados de
Nacala-Porto, Chiúre, Alto Molocué e da Matola mostram uma forte vontade de
mudança existente nos moçambicanos, de Rovuma a Maputo e do Zumbo ao Índico. Já
começa a nascer dentro de cada moçambicano a esperança de que é possível mudar
o destino das suas autarquias não apostando num partido que só tem estado a
trazer sofrimento para o povo. Aliás, faz tempo que os moçambicanos têm estado
a demonstrar a sua indignação. Mas, nestas eleições autárquicas, o sentimento
ficou evidente. Os eleitores não se fizeram de rogados, foram as assembleias de
voto e não saíram de lá sem deixar a sua indignação de forma expressiva.
Os munícipes querem mais
igualdade de oportunidades de emprego. Os munícipes querem ver as ruas das suas
autarquias limpas e acesso para outros bairros. Os munícipes querem um governo
municipal preocupado em melhorar as condições de vida na autarquia de modo a
garantir o bem-estar dos seus munícipes, independentemente da paixão
partidária.
Portanto, as eleições do dia 10
de Outubro mostraram, por um lado, que há muitos moçambicanos que foram
iludidos com políticas de promessas infundadas, e, por outro, os resultados
expressam que já começa a emergir a ruptura com a política de libertadores da
pátria. (@Verdade)
Aumento da confiança na paz em
Moçambique faz país crescer 3,5% e 3,7% em 2018 e 2019
O departamento de pesquisa
económica do banco Standard prevê um crescimento de 3,5% para Moçambique este
ano e 3,7% em 2019, principalmente devido ao aumento da confiança nos
progressos no processo de paz.
No mais recente relatório sobre
as economias da África subsaariana, enviado aos investidores e a que a Lusa
teve acesso, os analistas escrevem que "a previsão de crescimento do PIB
para 2018 e 2019 é de 3,5% e 3,7%, devido ao abrandamento da política monetária
mais prudente que o antecipado".
No documento, explicam que
"a maior parte da aceleração esperada no PIB é atribuível ao aumento da
confiança associada com os progressos no processo de paz".
Para este ano, os analistas do
Standard Bank, um dos maiores a operar em África, esperam um défice orçamental
de 4,3% e para o próximo ano antecipam um desequilíbrio orçamental de 3,2%.
No ano passado, Moçambique terá
um excedente orçamental, "pelo menos no papel, de 0,1% do PIB, depois de
um défice de 3,4% em 2016", escrevem os analistas, desvalorizando este
resultado porque "reflete o impacto positivo do imposto de 353 milhões de
dólares pagos pela ENI/Exxon-Mobil".
No Plano Económico e Social, o
Governo estima um crescimento de 4,7% este ano, uma revisão em baixa face aos
5,3% anteriormente previstos, mas ainda assim acima das previsões do FMI, que
antecipa uma expansão económica de 3,5% este ano e de 4% em 2019.
Os progressos no processo de paz,
dizem, "têm sido encorajadores, o que ajuda a construir a ideia de que a
estabilidade política vai prevalecer".
MBA // VM // Lusa
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