Díli, 04 fev (Lusa) -- A ministra
da Educação timorense disse hoje que espera concluir ainda este mês a compra
das viagens dos professores portugueses envolvidos no projeto das escolas de
referência em Timor-Leste, que esperam há várias semanas poder viajar para
Díli.
"Estamos no processo de
aprovisionamento das viagens dos professores. Esperamos que no decurso do mês
de fevereiro os professores possam deslocar-se para Timor-Leste", disse à
Lusa Dulce Soares, ministra da Educação, Juventude e Desporto timorense.
"Apesar da situação em
Timor-Leste, estamos a esforçar-nos para resolver a situação para que possam
vir o mais cedo possível. Estamos a cooperar muito com a embaixada portuguesa
neste assunto", referiu.
Fonte da cooperação portuguesa
confirmou à Lusa que, depois de vários anos consecutivos de atrasos da parte de
Portugal, na preparação e assinatura dos contratos dos professores, o
calendário este ano foi cumprido.
Os professores estão com
contratos e a receber salário, há várias semanas, em Portugal, à espera de
receber os bilhetes de avião -- que no âmbito do projeto são da
responsabilidade de Timor-Leste, que paga ainda um complemento salarial em
território timorense.
Apesar do ano letivo nos Centros
de Aprendizagem e Formação Escolar (CAFE), ter começado em meados de janeiro,
não estão ainda no país nenhum dos cerca de 130 professores portugueses que
estão destacados nessas 13 escolas de Timor-Leste.
Dulce Soares não clarificou os
motivos do atraso na compra das viagens.
A governante falava à Lusa à margem
da apresentação em Díli do sexto número da revista Tempo, a única publicação
totalmente em língua portuguesa em Timor-Leste, editada pela Escola Portuguesa
de Díli.
O número 6 da publicação, que
contou com financiamento da União Europeia, é especial por conta com
contributos de todas os CAFE em Timor-Leste.
Noutro âmbito, a governante
clarificou que a coordenadora timorense do projeto, Antonieta de Jesus, não faz
parte do grupo de 273 funcionários casuais cujos contratos o Ministério da
Educação, Juventude e Desporto não renovou no final de 2018.
"O despacho é claro: não
abrange os assuntos bilaterais. Isso é má interpretação da senhora
Antonieta", disse, afirmando que não são afetados elementos ligados aos
projetos da cooperação bilateral com Portugal -- escolas CAFE e projeto Formar
Mais -- com a Nova Zelândia (num projeto do pré-escolar) e com o Governo
australiano no ensino básico.
"Esta questão, se havia
dúvidas, deveria ser falada no Ministério. Ela é coordenadora da parte
timorenses. Não é justo falar disto em público porque estamos a esforçar-nos
nesta questão", disser.
Dulce Soares disse que até ao
momento ainda não se encontrou com a coordenador timorense, afirmando que o
objetivo é que "mantenha o seu contrato para apoiar o projeto".
Fonte ligada ao projeto confirmou
à Lusa que Antonieta de Jesus não tem participado em reuniões relacionadas com
o projeto. Não foi possível à Lusa obter um comentário da coordenadora.
Recorde-se que, atualmente,
funcionam em Timor-Leste 13 escolas CAFE, uma por cada uma das 12 capitais de
município mais a capital da Região Administrativa Especial de Oecusse-Ambeno
(RAEOA).
As escolas, que contam com cerca
de 7.000 alunos, seguem o currículo nacional e usam o português como língua de
instrução em todos os níveis de escolaridade.
O projeto nasceu para
"proporcionar uma educação pública de qualidade, com uso da língua
portuguesa para o ensino de todas as disciplinas", para dar "formação
em língua portuguesa aos universitários recém-graduados e aos novos professores"
e formar e reforçar as capacidades de professores e administrados das escolas
públicas locais.
O projeto integra cerca de 130
professores portugueses e cerca de 110 professores e 62 professores estagiários
timorenses.
Anualmente é adicionada uma nova
turma ao nível de escolaridade seguinte e este ano os CAFE terão, pela primeira
vez, turmas do ensino secundário.
ASP // PJA
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