Sydney, 12 abr 2019 (Lusa) - A
Austrália declarou hoje que se oporá à pena de morte para Julian Assange caso o
australiano, fundador do WikiLeaks, venha a ser extraditado para os Estados
Unidos, segundo a agência de notícias AP.
A ministra dos Negócios
Estrangeiros australiana, Marise Payne, disse que a Austrália é contra a pena
de morte.
Marise Payne declarou ainda que o
Reino Unido procurou obter garantias junto dos Estados Unidos de que Assange
não seria exposto à pena de morte no caso de vir a ser extraditado.
"O processo de extradição em
si é uma questão entre os Estados Unidos e o Reino Unido, mas também recebemos
essa informação do Reino Unido", disse Payne aos jornalistas, referindo
que a Austrália "é completamente contra a pena de morte".
"Essa é uma posição
bipartidária e que defendemos continuamente", declarou a ministra.
Marise Payne disse ainda que
funcionários diplomáticos irão visitar o fundador do WikiLeaks no lugar onde
está detido atualmente, em Londres.
O primeiro-ministro australiano,
Scott Morrison, disse, por seu turno, que qualquer plano de extradição
"não tem nada a ver com a Austrália" e que Assange receberia apenas a
assistência padrão dos funcionários consulares da Austrália no Reino Unido.
Segundo Morrison, o australiano
de 47 anos terá de enfrentar as consequências de qualquer violação da lei em
jurisdições estrangeiras.
Sinais de apoio a Assange
surgiram hoje na Austrália, onde cerca de 30 pessoas marcharam no centro de
Sydney depois de se reunirem do lado de fora do consulado britânico e pedirem a
libertação de uma figura que consideram um cruzado pela verdade e liberdade de
expressão.
Segurando cartazes com mensagens
incluindo "Assange Livre - Nenhuma extradição para os EUA", gritavam:
"Libertem a verdade; Assange Livre; não atirem no mensageiro". Outro
pequeno protesto em apoio a Assange ocorreu hoje em Melbourne.
O sindicato de jornalistas da
Austrália, a Media Entertainment and Arts Alliance, também apoiou os apelos
para a libertação de Assange.
O presidente do sindicato, Marcus
Strom, disse que Assange estava a ser perseguido por "atos de
jornalismo".
Strom declarou que o WikiLeaks
recebeu em 2011 a
mais alta honraria do jornalismo australiano, o Walkley Award, e que o caso de
Assange era uma questão de liberdade de imprensa.
"Julian Assange está a ser
perseguido por atos de jornalismo divulgados pelo WikiLeaks (...), revelando
informações que eram claramente de interesse público, envolvendo atrocidades e
possíveis crimes de guerra cometidos no Iraque e no Afeganistão", disse
Strom à Australian Broadcasting Corp.
Strom lembrou que esses
documentos foram publicados em jornais como o New York Times, o britânico The
Guardian, e na Austrália, no Sydney Morning Herald e no Melbourne Age.
"Então, por esses motivos,
torna-se uma questão de liberdade de imprensa", disse, referindo que
"não é uma questão pessoal sobre Julian Assange".
Também hoje, a mãe de Assange,
Christine Assange, colocou uma mensagem no Twitter a pedir que a polícia, a
prisão e o tribunal fossem gentis com o seu filho.
O fundador do portal WikiLeaks
foi detido na quinta-feira em Londres com base em duas acusações: uma por
quebra das medidas de coação que levou a um mandado de detenção em 2012 por um
tribunal londrino e a segunda na sequência de um pedido de extradição dos
Estados Unidos, que o acusam de "pirataria informática" e
conspiração.
Julian Assange, nascido há 47
anos na Austrália, foi detido na quinta-feira no interior da embaixada do
Equador na capital britânica - onde se encontrava há cerca de sete anos -,
depois de Quito lhe ter retirado o direito de asilo.
Um juiz britânico ouviu Assange e
considerou o fundador do WiliLeaks culpado por ter violado os termos da sua
liberdade condicional, uma acusação que pode resultar numa pena de até 12 meses
de prisão no Reino Unido.
As acusações norte-americanas
relativas à publicação de dezenas de milhares de documentos governamentais
secretos poderão levar a uma batalha judicial para tentar extraditá-lo para os
Estados Unidos.
CSR // ANP
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