Jacarta,
30 abr (Lusa) - O Presidente da Indonésia justificou hoje a execução de sete
estrangeiros com o aumento do tráfico de droga, mas analistas consideraram
tratar-se de uma medida de um líder enfraquecido sob intensa pressão política.
O
fuzilamento de dois australianos, um brasileiro, quatro nigerianos e um
indonésio na quarta-feira (terça-feira em Lisboa) desencadeou a indignação
internacional, com a Austrália a chamar o seu embaixador e o secretário-geral
da ONU, Ban Ki-moon, a expressar "profundo pesar".
A
medida era esperada, depois de o Presidente Joko Widodo ter afirmado, ao tomar
posse em outubro, que não haveria clemência para os traficantes de droga.
A
declaração chocou os ativistas dos direitos humanos que esperavam do líder -
considerado reformador - maior oposição relativamente à aplicação da pena
capital.
Para
justificar a sua posição, Widodo apresentou os dados da agência antinarcóticos
indonésia, segundo os quais dezenas de pessoas morrem todos os dias devido ao
uso de drogas e 4,5 milhões de toxicodependentes precisam de programas de
reabilitação.
Analistas
afirmaram que o chefe de Estado quer construir uma imagem de líder duro e evitar
a pressão dos deputados nacionalistas e o influente líder do próprio partido.
Widodo
"percebe que a Indonésia quer um líder firme, e quer mostrar que é um
Presidente firme", afirmou Yohanes Sulaiman, politólogo da universidade de
Defesa indonésia.
Durante
a campanha para as eleições presidenciais do ano passado, Joko Widodo, antigo
governador de Jacarta, foi muitas vezes considerado um líder fraco em relação
ao principal opositor Prabowo Subianto, ex-general e responsável por violações
dos direitos humanos em Timor-Leste, durante a luta pela independência do
território, duramente reprimida pelas forças especiais que comandava.
Um
perito da universidade Deakin da Austrália afirmou que, depois de Widodo ter
prometido ser intransigente no combate ao tráfico de droga, mudar de posição
devido às pressões externas, nomeadamente australiana, teria sido "um
suicídio político".
"Widodo
não podia recuar", considerou Damien Kingsbury.
De
acordo com uma sondagem recente, a decisão de executar os traficantes obteve o
apoio de 84% dos inquiridos.
E
apesar de os especialistas também questionarem a fiabilidade dos dados
apresentados por Widodo para justificar a decisão, obtidos num estudo realizado
por uma universidade que trabalhava para a agência antinarcóticos, o procurador-geral
declarou já que o país estava a travar "uma guerra" contra as drogas.
EJ
// VM
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