Díli,
06 mai (Lusa) - Empresários timorenses do setor do transporte denunciaram estar
a ser alvo de discriminação pelas autoridades indonésias que impedem os seus
camiões de circular, por terra, para o enclave de Oecusse, na costa norte da
metade indonésia da ilha.
Os
empresários, ouvidos pela Lusa, consideram que o tratamento dado pela Indonésia
é discriminatório, porque os camiões indonésios entram em Timor-Leste, e alegam
a existência de subornos a funcionários timorenses da fronteira.
"É
uma situação insustentável, de competição desleal e que está a por em risco os
nossos negócios e as oportunidades de beneficiar do desenvolvimento de
Oecusse", disse à Lusa um dos empresários afetados, Lino Lopes, diretor da
EDS (Express Distribution Services).
Em
cartas enviadas ao Governo, e a que a Lusa teve acesso, Lopes explicou que
perdeu um contrato com uma empresa coreana que está a construir um projeto de irrigação
no enclave devido ao impedimento indonésio.
Numa
primeira fase, disse, a proibição indonésia implicava que o material
transportado de Díli tinha que ser transferido para camiões indonésios que
poderiam, depois, entrar em território timorense no enclave para deixar o
material na obra.
"Repentinamente,
a empresa coreana deixou de utilizar os veículos (da EDS) alegando que estava a
utilizar uma companhia mais barata", escreveu Lino Lopes.
"Após
investigação, comprovou que o material está a ser transportado por via ilegal
através da nossa fronteira de Mota-Ain com a conivência, tanto das nossas
autoridades, como também das autoridades indonésias na fronteira, possivelmente
através do pagamento de subornos", referiu.
Camiões
indonésios já foram vistos a circular em Timor-Leste e a recolher o material,
explica.
Lino
Lopes considera que esta é uma situação que não só viola as leis mas que
"é altamente prejudicial aos interesses nacionais de Timor-Leste" e
dos empresários e proprietários de veículos pesados de Timor-Leste "que
veem as suas escassas oportunidades de trabalho" a desaparecer.
"Existe
uma falta de reciprocidade já que os veículos pesados indonésios podem circular
no nosso país mas os de Timor-Leste não podem entrar na Indonésia, o que é
altamente injusto", escreve.
Questionado
pela Lusa sobre as denúncias, Gastão de Sousa, ministro das Obras Públicas,
Transportes e Telecomunicações, reconheceu que este é "um problema"
que tem que ser resolvido rapidamente com as autoridades indonésias.
"Tem
que ser discutido ao nível ministerial. Já recebi uma carta do ministro dos
Transportes da Indonésia para um encontro bilateral para analisar esta questão
e depois assinarmos um memorando de entendimento ou um acordo que resolva
isto", afirmou.
"Nós,
os timorenses, estamos a ser prejudicados por esta situação. Os nossos camiões
não podem entrar lá, mas os deles entram aqui. Temos que resolver isto",
disse, recusando-se a comentar as denúncias sobre alegados subornos nas
fronteiras.
Mari
Alkatiri, responsável da região especial de Oecusse, disse à Lusa que está
consciente do problema, que já tentou dar passos para ajudar á sua solução,
insistindo, porém, que se trata de uma questão que tem que ser resolvida
"a nível bilateral", com a Indonésia, pelo Governo central.
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