Pequim,
10 jun (Lusa) -- A líder da oposição da Birmânia e Nobel da Paz Aung San Suu
Kyi chega hoje à China, numa visita histórica que decorre num momento de alguma
tensão entre ambos os países.
Aung
San Suu Kyi partiu hoje do aeroporto de Rangun com destino à China, para uma
visita até domingo, durante a qual terá reuniões com o Presidente chinês, Xi
Jinping, com o primeiro-ministro, Li Keqiang, e com um grupo de empresários do
país.
Trata-se
de uma visita histórica, a primeira de Suu Kyi à China, através da qual Pequim
vai tentar reforçar a relação com o Governo reformista birmanês e com a
oposição.
Segundo
informação do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, esta é uma viagem de
"intercâmbios" entre o Partido Comunista da China e a Liga Nacional
para a Democracia, presidida por Suu Kyi, uma formação que se estima ter bons
resultados nas próximas eleições birmanesas previstas para o final do ano.
A
chegada da Nobel da Paz, um prémio atribuído em 1991 pela sua luta pacífica a
favor da liberdade no seu país, acontece num momento de alguma tensão entre
ambas as nações.
Por
um lado, a aproximação dos Estados Unidos à Birmânia, que durante os anos de
governo da Junta Militar -- entre o final da década de 1960 até 2011 --
praticamente só teve a China como único aliado mundial, gerou desconfiança por
parte de Pequim.
Além
disso, refere a agência Efe, Pequim encontra-se numa situação delicada em
relação à Birmânia, devido ao conflito entre a minoria kokang e o exército
birmanês no norte do país, ao longo da fronteira com o sudoeste da China
(província de Yunnan).
Em
abril, uma bomba lançada por um caça birmanês causou a morte de cinco chineses
e uma dezena de feridos, o que motivou a condenação da China, que desde o
início do conflito acolheu milhares de refugiados birmaneses.
A
Birmânia denunciou em várias ocasiões que os kokang, dos quais cerca de 90% são
da etnia han, tal como a maioria dos cidadãos na China, recebem ajuda da China,
que dominou o território até o ceder ao Reino Unido no final do século XIX. Pequim
tem, no entanto, negado estas denúncias.
Suu
Kyi visita a China pouco tempo depois de ter sido alvo de críticas pelo seu
aparente silêncio perante a crise dos migrantes da minoria muçulmana rohingya e
numa altura em que outro Prémio Nobel da Paz, o escritor chinês Liu Xiaobo,
continua na prisão.
FV
// SO
Sem comentários:
Enviar um comentário