Pequim,
04 jun (Lusa) - O solteiro mais cobiçado da China, Wang Sicong, encenou uma
nova provocação: ofereceu dois 'Apple Watch' ao seu cão, um para uma das patas
dianteiras do animal.
"Com
quatro patas devia ter quatro relógios, mas isso seria novo-riquismo a
mais", "escreveu" o cão na conta do Sina Weibo, o Twitter
chinês, que Wang Sicong abriu em seu nome.
A
mensagem, ilustrada com fotografias do animal ostentado o mais recente 'gadget'
da Apple, suscitou quase dez mil comentários no espaço de 24 horas, reavivando
o debate acerca dos caprichos da chamada "Fu Er Dai" (segunda geração
de ricos) da China pós-maoista.
"Isto
é a última prova de que o ser humano pode ser inferior a um cão", diz-se
num comentário.
O
modelo mais barato daquele relógio à venda na China custa 2.588 yuan (400
euros), o que equivale a mais de metade do salário médio em Pequim.
"Nem
me posso comparar a um cão", assinala-se noutro comentário.
Wang
Sicong, 27 anos, conhecido como "Guo Ming Lao Gong" (marido da
nação), é filho de Wang Jianlin, presidente do Wanda Group e um dos homens mais
ricos da Ásia, com uma fortuna pessoal estimada em 25.000 milhões de dólares.
Fundado
em 1988, o Wanda Group tem hoje um património avaliado em 534.100 milhões de
yuan (82.000 milhões de euros) investidos no imobiliário, turismo, cinema,
hotéis e outros setores, dentro e fora na China.
Como
outros representantes da "Fu Er Dai", Wang Sicong fez a escola
primária em Singapura e a seguir foi para Inglaterra, onde viveu até concluir a
universidade.
Numa
entrevista publicada a semana passada, Wang Jianlin disse que o filho não irá
suceder-lhe na direção do Wanda Group, afirmando que "ele tem outros
interesses na vida".
"Ele
foi para o estrangeiro muito novo e falta-lhe uma profunda compreensão da
complexidade da sociedade chinesa", disse Wang Jianlin. "Espero que
se torne mais sensato", acrescentou.
Wang
Jianlin, 61 anos, é membro do Partido Comunista Chinês.
Depois
de regressar à China, o jovem Wang assumiu a presidência de um fundo de
investimentos criado pelo pai com um capital de 500 milhões de yuan (cerca de
77 milhões de euros), disse o China Daily.
Wang
Sicong tem quase 13 milhões de seguidores na internet e segundo um estudo
recente, o seu blogue é um dos três mais populares entre os estudantes,
juntamente com o de Han Han, escritor e corredor de automóveis de Xangai, e o
de Jack Ma, presidente do gigante do comércio eletrónico Alibaba.
O
filho do patrão do Wanda Group já tinha suscitado acesa polémica em fevereiro
passado, quando anunciou que a sua noiva teria de ter "seios
grandes".
A
confissão coincidiu com a censura feita a uma popular série de televisão,
passada na dinastia Tang, há mais de mil anos, cujo guarda-roupa, em particular
os decotes das nobres e concubinas, foram consideradas demasiado ousados pela
autoridades.
A
expressão "novo-rico", na China, é um pleonasmo: até ao final da
década de 1970, todos os chineses pareciam igualitariamente pobres e os raros
automóveis em circulação eram propriedade de organismos públicos ou empresas
estatais.
Constitucionalmente,
o país continua a definir-se como "um estado socialista, liderado pela
classe trabalhadora", mas só os Estados Unidos têm mais milionários do que
a China.
Milhares
de famílias chinesas enviam os filhos estudar no estrangeiro, e nas ruas de
Pequim ou de Xangai, as lojas e viaturas de luxo multiplicam-se a um ritmo sem
precedentes no mundo.
"Enriquecer
é glorioso", proclama uma conhecida máxima atribuída a Deng Xiaoping, o
"arquiteto-chefe" das reformas que em apenas 35 anos transformaram a
China na segunda economia mundial.
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APN
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