Pequim,
19 jul (Lusa) -- Um proeminente advogado chinês defensor dos direitos humanos
confessou-se culpado, uma semana depois de ter sido detido numa massiva
repressão de ativistas da área do Direito, informou a imprensa oficial chinesa.
Zhou
Shifeng foi um dos mais de 130 advogados detidos ou chamados para
interrogatório pelas autoridades chinesas este mês, de acordo com números de
organizações de defesa dos direitos humanos.
O
advogado não foi supostamente capaz de se encontrar com um defensor nomeado pela
família. Mas, segundo informou, na noite de sábado, a agência Xinhua,
"declarou-se culpado" e pediu "uma segunda oportunidade".
Zhou
Shifeng, que facultou aconselhamento legal a famílias de crianças envenenadas
com o leite em pó de uma poderosa firma, defendeu, este ano, um escritor de 81
anos detido por criticar o Partido Comunista.
"Algumas
coisas relativas às minhas ações na firma de advogados foram ilegais (...). Os
meus erros foram graves", reportou a agência oficial chinesa, citando Zhou
Shifeng, aparentemente enquanto se encontrava sob custódia policial.
A
agência noticiosa oficial chinesa indicou que outros nove advogados ligados à
firma de Zhou foram detidos, a par de vários associados.
Os
detidos "deram entrevistas aos 'media' estrangeiros, espalhando opiniões
atacando o partido e o governo, difamando o sistema legal e outras visões
negativas", escreveu a Xinhua.
Entre
os detidos figura também a advogada Wang Yu, conhecida por ter defendido as
vítimas pobres de demolições forçadas, de agressões sexuais e de detenções
ilegais, entre outros.
Num
aparente esforço de pressionar a família de Wang, o seu filho, de 16 anos, foi
questionado várias vezes esta semana pela polícia na cidade de Tianjin, disse
um amigo da família à agência AFP.
A
polícia encontra-se no exterior do apartamento dos pais de Wang na cidade e
"segue a família quando saem", indicou a mesma fonte, que falou sob a
condição de anonimato por receio de represálias.
Mais
de 200 ativistas legais foram visados pela polícia desde o passado dia 09 de
julho, de acordo com a Amnistia Internacional.
A
imprensa oficial da China reporta, com frequência, "confissões" de
suspeitos de crimes que ainda se encontram detidos sem acesso a advogado,
prática denunciada como uma violação dos procedimentos legais.
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