Díli,
12 ago (Lusa) - O 40.º aniversário das FALINTIL, o braço armado da resistência
timorense, pretende recordar e homenagear a coragem e sacrifício dos que
lutaram por Timor-Leste, mas também recuperar o espírito da instituição, disse
hoje o coronel Falur Rate Laek.
"A
nova geração tem que reconhecer e valorizar a história, mesmo dos combatentes
anónimos", disse hoje aos jornalistas o ex-guerrilheiro e um dos atuais
responsáveis veteranos das forças armadas timorenses, as F-FDTL.
Porta-voz
da comissão organizadora das comemorações do 40.º aniversário, que começam hoje
e se prolongam até 20 de agosto, Falur Rate Laek disse que os eventos previstos
são um momento "importante" para todo o país.
"Temos
que agradecer, reconhecer e homenagear a coragem, dedicação e sacrifício de
quem lutou pela liberdade de Timor-Leste. A história da luta de libertação
nacional foi um processo marcado pelo sacrifício", considerou.
"Mas
temos também que recuperar o espírito FALINTIL", disse.
Depois
dos desafios dos anos da independência, do processo de transformação das
FALINTIL, como braço armado da resistência em forças armadas, e dos conflitos
ocorridos em 2002 e 2006, Falur Rate Laek diz que "não se pode esquecer
nunca" o papel da instituição.
"Por
isso estamos aqui, os veteranos, a continuar a estar envolvidos permanente
nesta instituição. Nós, os veteranos, planeávamos sair das F-FDTL até 2014, o
último a sair seria o atual Presidente da República", disse.
"Mas
depois desses acontecimentos tivemos que ficar, para orientar, ajudar a organizar,
alicerçar esta instituição, rumo ao destino do país", explicou.
Vergílio
Smith, outro dos membros da comissão organizadora, explicou que um dos momentos
mais importantes das cerimónias ocorre no minuto de silêncio de 20 de agosto,
altura em que se pretende que "todo o país fique imobilizado".
"No
momento em que o PR declarar o minuto de silêncio, todo o país fica
imobilizado. Quem estive de carro, de mota ou pé, deve parar e ficar
imobilizado", explicou.
As
empresas de telecomunicações do país, explicou, deverão começar em breve a
divulgar informações sobre este aspeto aos seus utilizadores.
Segundo
explicaram numa conferência de imprensa de divulgação do programa, as
celebrações têm um orçamento total de um milhão de dólares, de quase todos os
Ministérios, sendo que a maior fatia (cerca de 888 mil dólares) sairá do
Ministério da Defesa e do da Solidariedade Social.
Mais
de 100 pessoas participam na organização dos eventos, entre os quais se conta
uma marcha até à cidade de Aileu onde foi lida, em 1975, a "Declaração de
insurreição Armada".
O
extenso calendário terá como ponto alto as cerimónias oficiais no próximo dia
20 de agosto, na zona de Taci Tolo, arredores de Díli, coincidindo com o dia,
de 1975, em que as Forças Armadas de Libertação de Timor-Leste (FALINTIL) são
criadas como braço armado da FRETILIN.
As
FALINTIL, que em 1987 se tornaram apartidárias e se consolidaram como braço
armado da resistência à ocupação indonésia, são recordadas com atividades que
incluem eventos desportivos, debates e cerimónias e rituais tradicionais.
Depois
da independência de Timor-Leste, as FALINTIL transformaram-se nas forças
armadas timorenses (F-FDTL) pelo que a cerimónia de 20 de agosto arranca com
uma parada militar, um minuto de silêncio e a condecoração, promoção e passagem
à reforma de quadros das F-FDTL.
Depois
do discurso do chefe de Estado, Taur Matan Ruak, está prevista uma marcha de
veteranos e desmobilizados e várias atividades desportivas e culturais.
A
15 de agosto está previsto um acampamento noturno na zona de Mota-Ulun, onde
vão ser ultimados os preparativos para a "Jornada Histórica" que
incluirá uma marcha entre Díli e Aileu, 47 quilómetros sul da capital, onde
decorrerão várias cerimónias tradicionais.
No
dia seguinte, 17 de agosto, está prevista a cerimónia de "Declaração de
Insurreição Armada" e um discurso de um dos fundadores da FRETILIN, Mari
Alkatiri.
O
programa continua a 18 de agosto, em Díli, com uma caminhada entre o Largo de
Lecidere, na parte oriental da cidade e a zona ocidental de Comoro, com uma
vigília noturna "pelos filhos dos heróis tombados", no Centro de
Convenções de Díli.
No
dia seguinte está prevista uma marcha até ao jardim dos heróis, em Metinaro, a
leste de Díli, e uma conferência pelos criadores das FALINTIL, Mari Alkatiri e
Rogério Lobato, antes de uma missa na Catedral de Díli.
As
celebrações terminam a 21 de agosto com um ritual tradicional no Arquivo e
Museu da Resistência Timorense e o lançamento da primeira pedra do monumento da
Chama Eterna.
ASP
// FV.
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