Macau,
China, 04 jan (Lusa) -- A Associação Novo Macau (ANM), a maior organização
pró-democracia local, teceu hoje duras críticas aos relatórios apresentados
pelas comissões de assuntos eleitorais da Assembleia Legislativa (AL) e do
chefe do Executivo, qualificando-os como "parciais" e
"enganosos".
As
comissões de assuntos eleitorais da AL e do gabinete do chefe do Executivo
publicaram na quinta-feira os respetivos relatórios, dando conta do que correu
mal em setembro de 2013, nas eleições legislativas, e em agosto de 2014, na
escolha do líder do Governo.
Apesar
de saudar a apresentação dos relatórios, a ANM lamenta que sejam
"altamente parciais, enganadores e que relativizem o facto de [terem
ocorrido] eleições injustas".
A
ANM considera relativamente à eleição do chefe do Executivo que a Comissão dos
Assuntos Eleitorais (CAECE) ignorou que as promessas do único candidato ao
cargo -- Fernando Chui Sai On -- de construir habitação pública na zona A dos
novos aterros foram feitas antes e durante a campanha, tendo "o Governo
usado recursos públicos para colocar cartazes para promover o plano de Chui
sobre a zona A".
"A
construção de habitação pública na zona A foi um dos destaques da plataforma
eleitoral de Chui. Tal prática não [configura] apenas campanha antecipada, como
é um abuso dos recursos públicos. Novamente, a CAECE não levou em consideração
esta irregularidade no seu relatório", apontou a ANM.
"A
CAECE não conseguiu realizar uma eleição imparcial, dado que o padrão adotado
pela CAEAL [Comissão dos Assuntos Eleitorais da Assembleia Legislativa] não foi
aplicado à eleição do chefe do Executivo. Esta incoerência é indefensável
porque Ip Son Sang [juiz, à época presidente da comissão eleitoral e atualmente
Procurador] e Chan Chi Ping [diretor do Gabinete de Comunicação Social] eram
ambos membros da CAECE e CAEAL, [pelo que] deviam ter conhecimento sobre os
critérios da CAECE para determinar uma campanha ilegal", sublinhou a ANM.
O
relatório da CAEAL, na perspetiva da ANM, também demonstra "falta de um
genuíno interesse em garantir eleições justas".
"Por
um lado, atividades ilegais por parte de grupos tradicionais foram
subestimadas. Por outro, a CAEAL distorceu, criticou e tentou suprimir
iniciativas de promoção de eleições justas por parte de grupos da sociedade
civil", acusa a ANM.
"Para
as atividades de campanha ilegais de associações, como dar dinheiro e lanches,
com fotos com os candidatos, e oferecer passeios e refeições, a CAEAL disse que
poderia apenas 'persuadir' os candidatos em reuniões privadas a parar
atividades ilegais das associações", referiu ainda a organização.
A
ANM, com dois assentos na AL, também faz referência ao papel dos casinos.
"A CAEAL fez uma breve referência, indicando que os 'shuttle bus' não
podem servir fins eleitorais, mas fechou os olhos à presença de cartazes de
campanha e lembranças nas zonas de pessoal de alguns casinos".
A
Assembleia Legislativa de Macau é composta por 33 deputados, 14 dos quais
eleitos por sufrágio direto, 12 por sufrágio indireto (pelas associações) e
sete nomeados pelo chefe do Executivo.
O
chefe do Executivo é eleito por um colégio eleitoral composto por 400 membros
de diferentes setores da sociedade.
DM
(ISG) // JMR
Sem comentários:
Enviar um comentário