Díli,
16 fev (Lusa) - O setor do bambu e do vime tem grande potencial em Timor-Leste,
que pode beneficiar deste "desenvolvimento verde", que gera
anualmente 60 mil milhões de dólares (53 mil milhões de euros) em todo o mundo,
disse hoje um especialista.
"O
bambu e o vime representam grandes vantagens económicas para as comunidades,
combatem a erosão e degradação dos solos, criam empregos, fomentam novas
indústrias e reduzem a pobreza dos agricultores", disse Hans Friederich,
diretor-geral do International Network for Bamboo & Rattan (INBAR).
Criada
em 1997, a INBAR é uma organização intergovernamental com sede na China (o
maior produtor de bambu do mundo) e 41 estados membros na América Latina,
África e Ásia.
Friederich
falava em Díli num seminário sobre o papel do bambu e do vime no
desenvolvimento nacional de Timor-Leste, onde os dois produtos têm ainda um
desenvolvimento insipiente.
No
que toca ao vime, que gera um valor anual de cerca de 4 mil milhões de dólares
(3,5 mil milhões de euros), Friederich destacou que a produção continua a
crescer, especialmente na Indonésia, maior exportador do mundo.
Usado
há séculos para cestaria, mobiliário e outros produtos, o vime cresce em
floresta natural, já que necessita de outras plantas para se desenvolver.
"Para
gerir o vime, tem de se gerir bem as florestas porque sem elas não se consegue
gerir bem esta produção e dela retirar benefícios", disse o especialista,
referindo que continuam a ser investigados novos usos para o material.
"A
estrutura base do vime é como o osso e alguns testes mostram que se podem usar
peças de vime para reparar ossos partidos, por exemplo, e que, em alguns anos,
anos depois, se tornam parte do osso", afirmou.
O
bambu, por sua vez, tem grande potencial económico, porque depois de cortado
volta a crescer "tão rápido que os agricultores dizem que às vezes se ouve
a crescer durante a noite", segundo Friederich. Oferece ainda grandes
vantagens no combate à erosão e na recuperação de solos degradados.
No
Ruanda, por exemplo, o bambu é usado para proteger os rios e os lagos, evitando
a erosão e mantendo a água limpa. Sobrevive mesmo em solos pobres, pelo que só
na China já foram reflorestados 3 milhões de hectares com esta técnica.
O
rápido crescimento do bambu - em dois a três meses pode ser cortado - e a sua
capacidade de absorção de dióxido de carbono, muito mais elevada que de outras
plantas, especialmente em climas quentes e húmidos, tornam-no ainda mais
vantajoso.
Globalmente,
segundo explicou Friederich, a cadeia de valor gerada pela planta é de quase 60
mil milhões de dólares, sem contabilizar as mais-valias nos ecossistemas e os
usos locais dos produtores.
Só
a China tem um negócio associado ao bambu calculado em 32 mil milhões de
dólares (mais de 28 mil milhões de euros), sendo a produção totalmente para
consumo interno.
A
previsão é que o setor, na China, alcance um valor de 50 mil milhões de dólares
em 2020. A indústria chinesa do bambu emprega 7,8 milhões de pessoas.
Como
ocorre nos países vizinhos, o bambu em Timor-Leste é presença habitual nas
casas como material de construção, no mobiliário ou em utensílios domésticos.
Apesar
disso, o bambu continua sem ser totalmente aproveitado a nível social e
económico, especialmente no que toca a produtos de maior valor acrescentado.
O
encontro de hoje foi promovido pelo gabinete da primeira-dama timorense em
parceria com o Centro Quesadhip Ruak para "promover um melhor conhecimento
sobre as vantagens, critérios e condições da adesão de Timor-Leste à
INBAR" e analisar "parcerias para o desenvolvimento de atividades de
formação, capacitação e industriais relacionadas com o aproveitamento económico
do bambu e do vime em Timor-Leste".
ASP
// MP
Sem comentários:
Enviar um comentário