Luanda,
09 mar (Lusa) - O ministro das Relações Exteriores de Angola disse hoje que a
anunciada candidatura de Portugal ao cargo de secretário-executivo da
Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) representa "uma
imposição" que quebra os entendimentos naquela organização.
O
Governo português disse na segunda-feira desconhecer a existência de qualquer
acordo que impossibilite a candidatura nacional a este cargo e recordou que, à
luz dos estatutos da CPLP, "compete agora a Portugal assumir a responsabilidade
de apresentar a candidatura a secretário executivo".
"É
certo que não há nada escrito, mas, desde a criação da CPLP, quando se escolheu
Portugal para sede da organização, inclusive, com o maior número de
funcionários, foi acordado que deve abdicar da presidência do órgão
executivo", reagiu George Chikoti, falando ainda num "mal-estar"
dentro da organização.
Citado
hoje no estatal Jornal de Angola, o chefe da Diplomacia angolana afirma que
"Portugal quer fazer uma imposição", quando se sabe que é a vez de
São Tomé e Príncipe assumir o cargo.
"Vamos
ter uma reunião no dia 17 em Lisboa e lá trataremos deste assunto", disse
ainda o ministro das Relações Exteriores.
O
primeiro-ministro de São Tomé e Príncipe, Patrice Trovoada, anunciou
terça-feira que vai apresentar um candidato a secretário-executivo da CPLP, que
deverá ser aprovado na conferência de chefes de Estado e de Governo, que
ocorrerá em julho, no Brasil.
"São
Tomé e Príncipe irá apresentar uma candidatura e é evidente que teremos todo o
cuidado de apresentar uma personalidade idónea, que pode trazer valor
acrescentado à nossa organização e esperemos que essa candidatura passe",
disse Patrice Trovoada.
O
primeiro-ministro acrescentou que a candidatura são-tomense ao cargo de
secretário-executivo da CPLP não será contra Portugal, país cujo ministro dos
Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, já garantiu apresentará um nome
para o cargo de secretário-executivo dessa organização.
Patrice
Trovoada comentou o acordo existente a nível dos membros da CPLP nessa matéria,
sublinhando que "esse entendimento foi confirmado ao nível dos PALOP na
última cimeira da União Africana".
Fonte
oficial do Ministério dos Negócios Estrangeiros português afirmou que
"Portugal não enjeita, naturalmente, essa responsabilidade [a presidência
da CPLP], estando disponível para exercê-la".
Na
segunda-feira, o primeiro-ministro cabo-verdiano, José Maria Neves, afirmou que
há um acordo verbal que estipula que o país que acolhe a sede da CPLP
(Portugal) abdica de apresentar candidatura ao secretariado executivo e apelou
à negociação na comunidade para a eleição, que deverá ocorrer na próxima
cimeira da organização, prevista para o verão, no Brasil.
O
secretário-executivo, Murade Murargy, confirmou esta versão, referindo ter ouvido
falar na existência de um "acordo de cavalheiros" nesse sentido, da
altura da criação da CPLP, em 1996, e mencionou que essa a prática
internacional é que os países que acolhem as sedes das organizações não se
candidatam à sua direção.
Posições
opostas tiveram o primeiro secretário-executivo da CPLP, o angolano Marcolino
Moco, bem como o cabo-verdiano Luís Fonseca (que ocupou este cargo entre 2004 e
2008), que disseram desconhecer a existência deste acordo, à data das suas
responsabilidades na CPLP, mas ambos admitiram ter ouvido falar dele
recentemente.
De
acordo com o artigo 18.º dos estatutos da comunidade, "o
secretário-executivo é uma alta personalidade de um dos Estados-membros da
CPLP, eleito para um mandato de dois anos, mediante candidatura apresentada
rotativamente pelos Estado-membros por ordem alfabética crescente".
PVJ//
(MYB/CFF/JH/JSD) // ARA
1 comentário:
E uma pratica de boa fe e obvio que Portugal nao devia candidatar-se ao cargo da chefia da CPLP! E aceitamos com a posicao de Angola!|
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