Camberra,
04 abr (Lusa) - Uma investigação jornalística sobre a empresa do Mónaco Unaoil
denuncia a corrupção no setor do petróleo e gás em África, nomeadamente nos
lusófonos Angola e Guiné Equatorial, havendo já ações judiciais no Reino Unido,
Austrália e Estados Unidos.
Conduzida
pelos grupos de comunicação Fairfax Media e Huffington Post, a investigação
jornalística revela as ligações entre a empresa monegasca e uma consultora
australiana com escritórios em Kuala Lumpur, a Leighton Offshore, revelando
"dezenas de milhares" de emails internos que comprovam a entrega de
subornos a altas figuras angolanas e equato-guineenses.
A
investigação começa em 2013, quando a histórica construtora automóvel Rolls
Royce enviou uma comunicação à Unaoil despedindo-a de ser a representante da
marca em Angola.
Foi
"a primeira vez que a empresa monegasca tinha sido despedida devido a
preocupações sobre corrupção", segundo a notícia, que cita o email da
Rolls Royce à Unaoil, no qual explicam que devem "parar se de apresentar como
um intermediário comercial oficial da Rolls Royce em Angola".
O
impulso final para esta decisão terão sido as denúncias por órgãos de
comunicação social do envolvimento da Unaoil num negócio corrupto entre a
Leighton Holdings e altos funcionários do regime iraquiano, que rapidamente
chegaram a outros clientes da Unaoil e tinham o potencial de minar a
credibilidade da histórica marca automóvel britânica.
A
notícia publicada pelos australianos Huffington Post e The Age afirma que
"a divulgação do conteúdo de dezenas de milhares dos emails da Unaoil
arrasa a alegação de que são uma companhia séria, e expõe o mais escândalo de
corrupção na hisória do setor do gás e petróleo mundial".
Em
Angola, a investigação jornalística aponta o dedo a Francisco Gonçalves, atual
vice-presidente da Sonangol Sinopec International (uma subsidiária
internacional da companhia petrolífera estatal de Angola) e elencam um contrato
de 1.125 milhões de dólares, em junho de 2010, "baseado na nossa relação e
uma transação comercial", segundo um email da Unaoil.
Na
Guiné Equatorial, outro dos exemplos da atuação da empresa em África, a par da
Argélia, Tunísia, Congo, Nigéria e África do Sul, a investigação jornalística
afirma que o Presidente Teodoro Obiang recebeu diretamente 2 milhões de dólares
em 2003 para garantir um contrato para a Marathon Oil, uma petrolífera
norte-americana entretanto investigada pela justiça dos Estados Unidos.
MBA
// PJA
Sem comentários:
Enviar um comentário