Macau,
China, 04 mai (Lusa) -- A antiga presidente da Assembleia Legislativa de Macau
Susana Chou figura como diretora de uma empresa, constituída há 30 anos,
mencionada no caso dos chamados "Papéis do Panamá", que expôs um
sistema de evasão fiscal.
Segundo
uma base de dados do jornal Sunday Times, que compilou uma lista de empresas no
Panamá montadas pela Mossack Fonseca e os seus associados a partir dos
"Papéis do Panamá" e de acordo com o registo de empresas naquele
país, Susana Chou aparece como diretora da "Katanic Investment S.A.",
uma sociedade anónima, com sede no Panamá, criada em dezembro de 1985.
Contactada
pela agência Lusa, a antiga presidente da Assembleia Legislativa de Macau
afirmou, citada pela sua porta-voz, que a Katanic Investment S.A., criada no
Panamá, é "uma subsidiária como outras que a Novel Secretaries Limited tem
em várias partes do mundo".
"É
uma empresa legal", frisou.
A
Katanic Investment S.A. tem na sua estrutura o diretor e o secretário da Novel
Secretaries Limited, empresa criada em 1979 e com sede em Hong Kong, Ma Mang
Yin como diretor e tesoureiro, e Ronald Chao Kee Young também como diretor.
A
Novel Secretaries Limited é uma subsidiária do grupo Novel, dedicado ao setor
têxtil, da família de Susana Chou.
Natural
de Xangai, Susana Chou, 74 anos, foi a primeira presidente da Assembleia
Legislativa da era da Região Administrativa Especial, iniciada a 20 de dezembro
de 1999, um cargo que desempenhou ao longo de uma década.
Radicada
em Macau há mais de 40 anos, é ainda representante dos membros de Macau no
Comité Nacional da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês (CCPPC) -- o
principal órgão consultivo da China.
O
escândalo dos "Papéis do Panamá" revelou um vasto sistema de evasão
fiscal que tem tido repercussões em todo o mundo e levou à abertura de uma
série de investigações.
A
maior investigação jornalística da história, divulgada no início de abril,
envolve o Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação (ICIJ, na
sigla inglesa), com sede em Washington, e destaca os nomes de 140 políticos de
todo o mundo, entre eles 12 antigos e atuais líderes mundiais.
A
investigação resulta de uma fuga de informação e juntou cerca de 11,5 milhões
de documentos ligados a quase quatro décadas de atividade da empresa panamiana
Mossack Fonseca, especializada na gestão de capitais e de património, com
informações sobre mais de 214 mil empresas 'offshore' em mais de 200 países e
territórios.
A
partir dos "Papéis do Panamá" (Panama Papers, em inglês), a
investigação refere que milhares de empresas foram criadas em 'offshores' e
paraísos fiscais para centenas de pessoas administrarem o seu património, entre
eles o rei da Arábia Saudita, elementos próximos do Presidente russo Vladimir
Putin, o presidente da UEFA, Michel Platini, e a irmã do rei Juan Carlos e tia
do rei Felipe VI de Espanha, Pilar de Borbón.
Na
próxima segunda-feira, dia 09, o ICIJ vai divulgar a "maior quantidade
informação de sempre" sobre empresas e os seus proprietários em 'offshore'
no âmbito dos "Papéis do Panamá".
DM (RN/MSE) // APN
DM (RN/MSE) // APN
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