O
líder histórico da resistência timorense Xanana Gusmão defendeu hoje a união e
o desenvolvimento de "elos de ligação" entre as comunidades asiáticas
herdeiras de traços culturais de origem portuguesa.
Xanana
Gusmão falava num jantar da primeira conferência das comunidades
luso-asiáticas, que decorre em Malaca, na Malásia, e saudou "todos os
amigos" presentes, "cidadãos de diferentes países e com histórias únicas
(...), mas irmanados num laço comum".
"Somos
os guardiães de um património que é nosso. E este esforço, já por si
gigantesco, terá de continuar a ser algo nosso. (...) Enquanto o resto do mundo
destrói, nós vamos construir, enquanto outros querem romper com todos os laços
do passado e do presente, nós iremos construir elos de ligação entre nós e que
se perpetuarão para as futuras gerações", afirmou o ex-Presidente,
ex-primeiro-ministro e atual ministro de Timor-Leste.
Xanana
Gusmão congratulou a comunidade lusodescendente de Malaca por organizar a
conferência e "tornar realidade algo transcendente, que estava latente nos
sentimentos de todos", referindo existe entre estas comunidades uma
"aspiração sublime de união".
A
primeira conferência das comunidades luso-asiáticas decorre no "Portuguese
Settlement" de Malaca, um bairro onde vive uma comunidade católica, que
mantém tradições de inspiração portuguesa e fala um crioulo que mistura o
português antigo com palavras malaias.
São
comunidades deste tipo, que estão espalhadas pela Ásia, que os organizadores da
conferência dizem ser importante salvar. O objetivo da conferência é unir
esforços e sensibilizar a CPLP, e em especial Portugal, para esta questão.
Durante
a manhã, falando aos jornalistas, Xanana Gusmão havia proposto que estas
comunidades sejam convidadas a participar na próxima conferência da Comunidade
de Países de Língua Portuguesa (CPLP) sobre o futuro da língua portuguesa.
Xanana
Gusmão considerou que não está em causa a quantidade de pessoas que integram
estas comunidades, mas a valorização que fazem da sua história e da ligação que
sentem a uma identidade que tem origem na lusofonia.
O
líder histórico da resistência timorense deu como exemplo Timor-Leste, onde o
português foi proibido durante os 24 anos da ocupação indonésia, mas que
escolheu a língua portuguesa como idioma oficial.
Na
abertura da conferência, foi lida uma mensagem do ministro português dos
Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, que sublinhou a importância de
valorizar as comunidades lusófonas em países onde o português não é língua
oficial, considerando que todas as variedades do idioma têm "igual
valor".
"Por
estarmos profundamente convencidos da relevância deste património global
apoiámos na nova visão estratégica [da Comunidade de Países de Língua
Portuguesa - CPLP] a valorização das comunidades lusófonas em países terceiros,
tanto as resultantes de diásporas oriundas do espaço da CPLP, como as
comunidades noutros países ou regiões que preservam a influência da língua
portuguesa e partilham laços connosco", considerou o ministro, na mesma
mensagem.
MP
// JMR
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