Díli,
04 out (Lusa) - A segunda força política timorense, Fretilin, reúne no próximo
fim-de-semana o seu Congresso Nacional sob o tema "vencer para
libertar" e a pensar nas eleições presidências e legislativas de 2017,
disse à Lusa o secretário-geral do partido.
"É
um congresso muito especial porque queremos trabalhar sob o tema de 'vencer
para libertar', neste caso para libertar o povo", disse à Lusa o líder da
Fretilin, Mari Alkatiri.
"Como
em qualquer congresso haverá debates sobre estatutos, regimentos e demais, mas
vamos priorizar políticas e estratégias e o pensamento do comum que será a base
do futuro programa de desenvolvimento", explicou.
Mari
Alkatiri referiu que, "para evitar os copiadores" o partido só deverá
aprovar o seu programa entre as eleições presidenciais de abril e as
legislativas de junho, confirmando que o trabalho que tem desenvolvido em
Oecusse será integrado nesse plano.
"Vim
para Oecusse, a pedido do Estado, para ajudar a criar um modelo que possa
servir de referência para todo o país. Foi o desafio que me foi lançado.
Aceitei vir para este enclave e transformá-lo num segundo centro do país",
disse.
Confirmou
ainda que o Congresso analisará a questão eleitoral, explicando que já foram
apresentadas "propostas unanimes das conferências distritais" que
"devem ser renovadas agora no Congresso" de apoio ao presidente do
partido, Francisco Guterres (Lu-Olo), para ser o candidato no voto presidencial
de abril.
Alkatiri
confirmou ainda que ele próprio vai voltar a defender, como o fez na última
reunião do Comité Central, uma alteração aos estatutos do partido para que
alguém além do secretário-geral possa ser primeiro-ministro, em caso de vitória
eleitoral.
Isso
permitiria, num cenário em que a Fretilin vença as eleições, que o futuro
Governo possa ser liderado pelo atual chefe do Governo, Rui Maria de Araújo, ou
outro quadro do partido.
"Eu
próprio tentei retirar isso dos estatutos, na última reunião do comité central,
mas foi recusado. Vou voltar a defender isso. Penso que depois de 14 anos de
restauração de independência já e possível pensar-se nisso e aprovar essa
alteração", disse.
Sobre
os cenários pós-eleitorais, Mari Alkatiri disse que se a Fretilin obtiver
maioria absoluta o partido "terá que incluir" outras forças,
abrindo-se a "coligações" se não tiver maioria absoluta.
Ainda
que seja um cenário idêntico ao atual - um Governo de coligação - Alkatiri
disse que quer "uma junção de vontades, com outra dinâmica em que o
primeiro-ministro seja o presidente do Governo, o executivo não esteja
desagregado".
"O
Governo tem estado muito desagregado porque cada ministro faz a política do seu
partido e não do seu Governo", disse.
Sobre
a inclusão na coligação de outros partidos além do atual parceiro de Governo, o
CNRT, Mari Alkatiri enfatizou que tudo depende dos resultados, mas que a
Fretilin está aberta a negociar "com quem consiga trazer
mais-valias".
Questionado
sobre se isso incluiria eventuais acordos com um partido a que pertença o atual
Presidente, Taur Matan Ruak, o secretário-geral da Fretilin disse ter lido
declarações de que o chefe de Estado "não é fundador de partido
nenhum".
"Mas
quando digo que estou aberto a coligações é com qualquer partido que traga
valor acrescentado e experiência de governação", referiu.
Alkatiri
disse não esperar grandes alterações parlamentares, com "3 ou 4 forças a
elegerem deputados", ainda que admita a saída ou entrada de partidos.
O
líder da Fretilin mostrou-se ainda convicto que "a estabilidade politica e
toda esta nova postura política de todos os partidos concorre para evitar"
que se repita a fraude que, insiste, ocorreu em 2012.
"Não
tenho dúvidas nenhumas que houve fraude em 2012", disse.
José
Reis, secretário-geral adjunto da Fretilin, disse à Lusa que o congresso, que
decorre no Centro de Convenções de Díli (CCD) terá as sessões de abertura na
sexta-feira e encerramento no domingo abertas ao público.
Participam
no encontro 1.135 delegados de todo o país, entre os quais delegados eleitos
das estruturas nacionais (973), delegados com inerência de funções (cerca de
uma centena, incluindo presidente, secretário-geral e membros dos órgãos
nacionais) e mais 127 aprovados pela Comissão Politica Nacional.
Foram
ainda convidados representantes do corpo diplomático e prevê-se a participação
de cerca de 200 observadores de várias entidades e organizações timorenses.
ASP
// VM – Foto: António Amaral / Lusa
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