Díli,
14 nov (Lusa) - Treze navios pesqueiros de uma empresa chinesa vão começar a
operar "em breve" nas águas territoriais de Timor-Leste, num projeto
que incluirá ainda uma unidade de processamento de peixe, disse à Lusa o
ministro timorense da tutela.
Estanislau
da Silva, ministro de Estado, Coordenador dos Assuntos Económicos e ministro da
Agricultura e Pescas, explicou à Lusa que os navios já estão em Timor-Leste e
que estão a ser "inspecionados" para verificar se cumprem os
requisitos do país.
"O
peixe destina-se, em grande parte, à exportação, mas também há garantias de
fornecimento ao mercado nacional timorense", disse, explicando que a
empresa vai estabelecer uma fábrica de processamento do peixe em Timor-Leste.
"Vão
também estar envolvidos noutras atividades económicas, incluindo a criação de
um viveiro de camarão na zona de Vemasse [Baucau] e adaptar o porto de Carabela
como porto de pesca", explicou.
Cada
navio, explicou, terá cinco tripulantes timorenses "formados para o
efeito" e têm de cumprir "vários requisitos" com equipamento
instalado pelo Governo a bordo para controlar a movimentação ao longo da costa.
"O
viveiro e a fábrica estão ainda a ser fechados e todo o processo está a ser
formalizado, incluindo a atribuição do terreno para o efeito", explicou.
Os
navios pertencem à empresa Pingtan Marine Entreprise, que se virou para
Timor-Leste depois de o Ministério de Assuntos Marítimos e Pescas indonésio ter
suspendido a concessão ou renovação de licenças de pesca em 2014.
Essa
suspensão foi levantada em novembro do ano passado e a empresa antecipa voltar
à pesca nas águas indonésias em breve.
Daí
que, como explicou recentemente o responsável da Pingtan, Xinrong Zhuo, a
empresa se tenha voltado este ano para operações "em diferentes países e
regiões para expandir os territórios onde pesca".
"Podemos
anunciar que 13 dos nossos navios vão operar nas zonas marítimas de Timor-Leste
e que esperamos que estes navios estejam em plena operação nas próximas
semanas", frisou Xinrong Zhuo.
Questionado
sobre o impacto no 'stock' pesqueiro em Timor-Leste, Estanislau da Silva disse
que o Governo quer reforçar as medidas para controlar a pesca ilegal, que está,
sem quaisquer benefícios para o país, a retirar os recursos do mar.
A
chegada dos arrastões a Timor-Leste tem suscitado alguma preocupação entre
observadores, especialmente pelo impacto na pesca tradicional e no ambiente
marítimo.
"O
país tem de avançar no seu desenvolvimento económico. Não vamos ficar sentados
à espera indefinidamente. Houve várias propostas no passado mas nenhuma se
concretizou", explicou Estanislau da Silva.
"Timor-Leste
não pode ficar assim, deixando que os recursos sejam saqueados pela pesca
ilegal. Temos de manter uma certeza, presença nas águas, e o setor privado
nacional tem pouca capacidade", disse.
O
ministro garantiu que o executivo verificou os antecedentes da empresa e que
junto dos países vizinhos confirmou não haver problemas com a forma como atua
nas suas atividades pesqueiras, "tendo sempre de cumprir as leis".
"Não
podemos continuar como até aqui. As nossas águas saqueadas sem qualquer
benefício. Temos de marcar uma maior presença nas águas e estamos também a
trabalhar com os nossos parceiros e vizinhos para fortalecer o controlo de toda
a atividade de pesca nas nossas águas", explicou.
ASP
// MP
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