Díli,
23 nov (Lusa) - O elevado número de acidentes rodoviários em Timor-Leste, que
só nos últimos dois meses causaram 17 mortes, exige medidas urgentes para
reforçar a segurança rodoviária incluindo mais formação, sinalização e ação
policial, defende uma organização timorense.
O
alerta foi dado pela Fundação Mahein, que sublinha que só na semana de 12 a 19
de setembro se registaram 40 acidentes que causaram cinco mortos e 23 feridos,
refere a organização, notando que estes números só incluem acidentes reportados
à polícia.
Aproximadamente
220 pessoas morrem anualmente em acidentes de trânsito em Timor-Leste, número,
que tendo em conta a população e o número de condutores do país é "três
vezes superior ao do Canadá, Austrália ou Reino Unido", segundo a FM.
A
organização recomenda que o Governo reveja os métodos e critérios para formação
de condutores, criando um curso que todos os condutores têm que concluir para
ter a carta, e que as agências envolvidas na segurança rodoviária realizem
ações de formação.
Defende
ainda a colocação adicional de mais sinalização rodoviária e exige que os
líderes do Governo denunciem "abusos de poder e a cultura de impunidade
sobre o comportamento na estrada de oficiais públicos".
A
organização recorda que tem vindo a alertar para este problema, incluindo com a
publicação em 2014 de um detalhado relatório sobre os perigos das estradas
timorenses, mas que desde aí "pouco tem sido feito para melhorar a
segurança do trânsito".
Continuam
a existir "graves lacunas na educação sobre segurança rodoviária e na
aplicação da lei de tráfego", problemas que se evidencia logo na carta de
condução que em Timor-Leste se pode obter "com os motoristas a cumprirem
um simples percurso de obstáculos e a conduzirem alguns minutos na
estrada".
Em
Díli, refere a organização, o grupo de pessoas que fazem testes ao mesmo tempo
é tão grande que alguns condutores têm que violar regras de trânsito, como
saltar semáforos, para se manter integrados no grupo de exame.
"Com
um grupo de examinados tão grande como pode o Governo monitorizar eficazmente
os erros de cada condutor", questiona a FM que defende a exigência de
formação para todos os condutores antes de serem examinados.
"É
imperativo que o nível de qualificações necessário para obter uma licença seja
aumentado a fim de reduzir o número de condutores perigosos nas estradas. Em
muitas ocasiões, os motoristas desconhecem as leis de Timor-Leste sobre as
práticas de condução adequadas e os perigos de comportamentos de risco (beber,
acelerar, dirigir cansado, ignorar as leis de trânsito) para si próprios e para
os outros", refere a FM.
Henriques
da Costa, inspetor-chefe da Polícia Nacional de Timor-Leste (PNTL) sublinha que
as autoridades vão iniciar um programa de socialização para educar os
condutores sobre os riscos de conduzir sob efeito de álcool ou com cansaço.
Aplaudindo
a iniciativa, a FM defende mais recursos para material didático e cartazes de
informação e pede mais formação na área de trânsito para que os polícias possam
ajudar a reforçar a segurança rodoviária.
A
FM refere ainda ser urgente melhorar a sinalização rodoviária em aspetos como
limites de velocidade, fechos temporários de estradas ou perigos especiais.
E,
ao mesmo tempo, deve acabar a "cultura da impunidade em relação às leis de
trânsito para os funcionários públicos e seus familiares" em que
"aqueles com dinheiro ou poder não terão medo de consequências
legais".
ASP
// VM
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