quinta-feira, 24 de novembro de 2016

ONG timorense quer reforço de segurança rodoviária face a elevado número de acidentes


Díli, 23 nov (Lusa) - O elevado número de acidentes rodoviários em Timor-Leste, que só nos últimos dois meses causaram 17 mortes, exige medidas urgentes para reforçar a segurança rodoviária incluindo mais formação, sinalização e ação policial, defende uma organização timorense.

O alerta foi dado pela Fundação Mahein, que sublinha que só na semana de 12 a 19 de setembro se registaram 40 acidentes que causaram cinco mortos e 23 feridos, refere a organização, notando que estes números só incluem acidentes reportados à polícia.

Aproximadamente 220 pessoas morrem anualmente em acidentes de trânsito em Timor-Leste, número, que tendo em conta a população e o número de condutores do país é "três vezes superior ao do Canadá, Austrália ou Reino Unido", segundo a FM.

A organização recomenda que o Governo reveja os métodos e critérios para formação de condutores, criando um curso que todos os condutores têm que concluir para ter a carta, e que as agências envolvidas na segurança rodoviária realizem ações de formação.

Defende ainda a colocação adicional de mais sinalização rodoviária e exige que os líderes do Governo denunciem "abusos de poder e a cultura de impunidade sobre o comportamento na estrada de oficiais públicos".

A organização recorda que tem vindo a alertar para este problema, incluindo com a publicação em 2014 de um detalhado relatório sobre os perigos das estradas timorenses, mas que desde aí "pouco tem sido feito para melhorar a segurança do trânsito".

Continuam a existir "graves lacunas na educação sobre segurança rodoviária e na aplicação da lei de tráfego", problemas que se evidencia logo na carta de condução que em Timor-Leste se pode obter "com os motoristas a cumprirem um simples percurso de obstáculos e a conduzirem alguns minutos na estrada".

Em Díli, refere a organização, o grupo de pessoas que fazem testes ao mesmo tempo é tão grande que alguns condutores têm que violar regras de trânsito, como saltar semáforos, para se manter integrados no grupo de exame.

"Com um grupo de examinados tão grande como pode o Governo monitorizar eficazmente os erros de cada condutor", questiona a FM que defende a exigência de formação para todos os condutores antes de serem examinados.

"É imperativo que o nível de qualificações necessário para obter uma licença seja aumentado a fim de reduzir o número de condutores perigosos nas estradas. Em muitas ocasiões, os motoristas desconhecem as leis de Timor-Leste sobre as práticas de condução adequadas e os perigos de comportamentos de risco (beber, acelerar, dirigir cansado, ignorar as leis de trânsito) para si próprios e para os outros", refere a FM.

Henriques da Costa, inspetor-chefe da Polícia Nacional de Timor-Leste (PNTL) sublinha que as autoridades vão iniciar um programa de socialização para educar os condutores sobre os riscos de conduzir sob efeito de álcool ou com cansaço.

Aplaudindo a iniciativa, a FM defende mais recursos para material didático e cartazes de informação e pede mais formação na área de trânsito para que os polícias possam ajudar a reforçar a segurança rodoviária.

A FM refere ainda ser urgente melhorar a sinalização rodoviária em aspetos como limites de velocidade, fechos temporários de estradas ou perigos especiais.

E, ao mesmo tempo, deve acabar a "cultura da impunidade em relação às leis de trânsito para os funcionários públicos e seus familiares" em que "aqueles com dinheiro ou poder não terão medo de consequências legais".

ASP // VM

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