Macau,
China, 02 dez (Lusa) -- O Governo de Macau considerou hoje "uma boa
sugestão" a proposta apresentada por deputados de enviar professores para
Portugal para ensinarem chinês, e prometeu reforçar também os cursos para
alunos lusófonos na cidade.
"Macau
é um lugar muito privilegiado para o ensino das duas línguas [português e
chinês]. Perguntaram-me se é possível levarmos professores de Macau para ensinar
chinês em Portugal. Acho que é boa sugestão. Sei que Portugal já acolhe
professores chineses vindos da China para irem lá ensinar o mandarim. Na altura
da administração portuguesa, a missão de Macau em Portugal tinha já cursos de
cantonês para portugueses, não sei se ainda estão a funcionar. Se não [estão],
espero que os serviços competentes pensem nisto", disse hoje Alexis Tam,
secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, durante o segundo dia de debate
setorial das Linhas de Ação Governativa.
Quando,
em outubro, o ministro da Educação português visitou Macau, manifestou vontade
de aumentar o número de professores chineses em Portugal e em reforçar laços
com as autoridades educativas de Macau. Tiago Brandão Rodrigues falou do
projeto-piloto de ensino de mandarim com duração de três anos e que inclui 11
professores chineses que ensinam mandarim em 12 escolas, número que pretendia
duplicar.
"Gostava
de vos desafiar a criar pontes com essas escolas", disse, na altura,
durante uma visita a uma escola e perante uma plateia de professores, onde
estava a diretora dos Serviços de Educação e Juventude.
O
bilinguismo é tema frequente na Assembleia Legislativa de Macau, mas o foco
costuma estar na aprendizagem do português por parte dos quadros de Macau,
através da criação de cursos, de estratégias para atrair o interesse dos alunos
ou da contratação de professores de Portugal. Desta vez, porém, após
referências no hemiciclo, Alexis Tam -- também ele bilingue -- disse concordar
com a promoção "do ensino da língua chinesa".
"Este
ano já autorizei ao Instituto Politécnico de Macau a admissão de alunos dos
países de língua portuguesa para virem a Macau frequentar cursos de mandarim. O
resultado é muito bom, cerca de 100 alunos estão a frequentar cursos de chinês
em Macau. A Universidade de Macau também vai criar um centro de bilingues de
chinês e português", indicou.
Apesar
de a administração portuguesa (pré-1999) "não ter ensinado o português de
forma generalizada", Tam garante que hoje o Governo está investido em
"sensibilizar os estudantes que [o conhecimento da língua] tem uma boa
saída", já que, além da necessidade de 200 tradutores em Macau, o objetivo
é formar bilingues para entrarem no vasto mercado da China.
"Provavelmente
precisaremos de 200 tradutores bilingues mas a China vai precisar de mais, não
queremos formar só pessoas para Macau, esperamos que os nossos formandos sejam
os construtores de pontes entre a China e os países lusófonos", defendeu.
A
diretora dos Serviços de Educação e Juventude, Leong Lai, acrescentou que
apesar de, no passado, os pais acharem que era "um grande encargo para uma
criança aprender chinês, inglês e ainda português", hoje "têm cada
vez mais interesse em levar os seus filhos a aprender português porque sabem
que tem um bom futuro".
ISG
// PJA
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