Timor-Leste
está em contactos preliminares com as autoridades portuguesas e inglesas para
acompanhar a situação dos luso-timorenses no Reino Unido, na sequência do
referendo de saída da União Europeia, disse hoje o chefe da diplomacia
timorense.
"Estamos
em contato com as autoridades inglesas sobre o processo que vai decorrer até
2018. E estamos em contacto com Portugal para ver quais são os passos, em caso
de haver uma alteração da lei laboral na Inglaterra em relação aos cidadãos da
UE", disse Hernâni Coelho.
"Estamos
a antecipar possíveis acontecimentos depois desta decisão do referendo. Mas
neste momento ainda é cedo demais para especular sobre o que vai acontecer.
Estamos em contactos preliminares, mas temos que ver como decorrem agora as
negociações e se implementa esta decisão", sublinhou.
O
ministro dos Negócios Estrangeiros timorense disse que os dados indicam que
residam no Reino Unido cerca de 16 mil cidadãos portugueses naturais de
Timor-Leste.
Anualmente
milhares de timorenses, beneficiando da lei da nacionalidade portuguesa,
deslocam-se ao consulado em Díli para obter nacionalidade portuguesa que usam,
na maioria dos casos, para ir trabalhar para o Reino Unido.
As
remessas que enviam para Timor-Leste, como ocorre com emigrantes timorenses
noutros locais, são significativas para muitas famílias timorenses.
As
contas do Governo indicam que os luso-timorenses no Reino Unido podem mandar em
média para Timor-Leste cerca de 30% do seu salário, que rondará um valor
aproximado de 2.000 dólares.
Isso
implicaria que, mensalmente, chegariam a Timor-Leste remessas do Reino Unido de
milhões de dólares, valor que Hernâni Coelho admite ser difícil estimar com
certeza.
Mais
claro, por exemplo, são os dados das remessas dos cerca de 2.000 trabalhadores
timorenses que estão na Coreia do Sul - no âmbito de um programa bilateral - e
que enviam para Timor-Leste anualmente entre 10 e 12 milhões de dólares.
Os
eleitores britânicos decidiram que o Reino Unido deve sair da UE, depois de o
'Brexit' (nome como ficou conhecida a saída britânica da União Europeia) ter
conquistado 51,9% dos votos no referendo de quinta-feira.
Logo
na sexta-feira, o primeiro-ministro britânico, David Cameron, anunciou a sua
demissão, com efeitos em outubro, e os líderes da UE defenderam uma saída
rápida do Reino Unido.
O
Conselho Europeu reúne-se na terça e quarta-feira em Bruxelas para analisar os
cenários pós-Brexit.
SAPO
TL com Lusa – Foto: Comunidade timorense em Oxford, Reino Unido. Imagem cedida
foto cedida pela comissão organizadora do dia 20 de Maio 2016 em Oxford, Reino
Unido.
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