sexta-feira, 1 de julho de 2016

Veterinários otimistas em relação a panda de Macau, o segundo mais pequeno do mundo


Macau, China, 30 jun (Lusa) -- Os veterinários que cuidam dos pandas gémeos nascidos em Macau no domingo estão otimistas quanto ao desenvolvimento do mais novo, que nasceu com 53,8 gramas, considerado "ultraleve" e o segundo mais pequeno do mundo.

"Está a desenvolver-se bem, já ganhou o peso original, de nascença, ontem [quarta-feira]. Normalmente, os pandas gigantes perdem algum peso devido à perda de fluidos corporais, mas agora já ganhou. Esta manhã o peso já era de 57,9 gramas, o que é um bom desenvolvimento", explicou à Lusa a veterinária Eva Lam.

O 'irmão mais novo' dos gémeos de Macau é o segundo panda a nascer com menos peso no mundo, tendo o primeiro nascido com 51 gramas, em Chengdu (China), referiu a especialista.

"Neste momento estamos muito otimistas, mas depende muito de como as coisas se desenvolvem. Não podemos saber como vai reagir a cada refeição. Ainda é muito novo e não conseguimos dizer, só pelo aspeto, quão desenvolvido está. Ainda é muito pequeno para outros exames ou intervenções, por isso só verificamos o peso, a temperatura e o comportamento", indicou.

Os irmãos, dois machos, estão ambos a ser alimentados exclusivamente com leite da mãe, Sam Sam, mas enquanto o mais velho, que nasceu com 135 gramas (peso normal, já que o médio é 100 gramas), mama junto da progenitora, o mais novo é alimentado através de um biberão.

Os dois passam os dias em incubadoras, mas enquanto o maior sai para mamar, criando um laço com a mãe, o mais novo tem de lá passar, por enquanto, todo o tempo.

"Estão na incubadora porque é preciso controlar a temperatura ambiente, que deve ser de 35 ou 36 graus. Também a humidade tem de estar controlada entre os 60 e os 80%", informou a veterinária.

As crias ficam habitualmente entre 25 a 30 dias na incubadora e a saída "não é como a dos bebés humanos, que simplesmente são retirados" de um dia para o outro. "Vamos abrir a porta algumas vezes, com o objetivo de gradualmente fazer com que a temperatura e a humidade sejam próximas das do ambiente", apontou Eva Lam.

O tempo de separação entre a cria mais nova e a mãe pode fazer com que, quando finalmente forem reunidos, Sam Sam rejeite o filho, mas a veterinária está confiante que tal não vá acontecer: "No geral, no caso de gémeos, a mãe rejeita um porque não consegue tratar dos dois. Mas quando Xin Xin [nome em mandarim de Sam Sam] deu à luz, cuidou dos dois, por isso estamos otimistas que vá aceitar o filho".

Eva Lam explicou ainda que, apesar de no passado o habitual ser uma fêmea dar à luz uma cria, hoje em dia, com o recurso a inseminação artificial, ao mesmo tempo do acasalamento natural, o nascimento de gémeos é mais comum.

A especialista não põe de parte que o casal Hoi Hoi e Sam Sam volte a procriar, mas para isso é necessário "um ou dois anos" de descanso. "Para o ano não vão acasalar, para garantir que tudo está bem com a saúde e que os bebés têm leite, já que normalmente mamam até terem um ano e meio", explicou.

Por agora, como a maioria dos bebés, os gémeos comem e dormem: são alimentados a cada duas horas, durante 15 a 30 minutos, e passam o resto do tempo a dormir.

O próximo ano, explicou a veterinária, vai ser de "dramático crescimento": "Agora são cor-de-rosa com pelos brancos. Dentro de um mês vão desenvolver a cor preta nas orelhas, patas, nos ombros e por fim nas pernas. O pelo branco também vai aumentar. Vão ganhar peso rapidamente, às dez semanas já vão ter três quilos e quando tiverem um ano podem subir para 30 quilos".

Também a visão se vai desenvolver, já que agora são cegos. "Em média, os olhos abrem quando têm entre 50 a 90 dias, mas mesmo depois de os abrirem, a visão é ainda muito enevoada e aos 90 dias só veem objetos a um metro de distância", referiu.

Atualmente, há 16 especialistas a assistir a família de quatro, incluindo 12 tratadores, três veterinários e uma pessoa responsável pelas análises. Três destes profissionais vieram de Chengdu, na província chinesa de Sichuan, onde fica um dos maiores centros de investigação e reprodução do mundo.

Quanto aos nomes dos gémeos, Eva Lam disse que a decisão caberá ao Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais, "que formará um comité e vai ouvir as pessoas" -- no caso dos pais, foi realizada uma consulta pública. No entanto, mesmo não lhe cabendo a decisão, tem uma sugestão: "Ficámos muito contentes porque no dia em que nasceram estava sol, por isso gostava que os nomes deles estivessem ligados à luz do sol, à alegria".

ISG // VM

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