Díli,
12 set (Lusa) - Mari Alkatiri, secretário-geral da Fretilin, partido timorense
mais votado, confirmou hoje que aceitou a sua indigitação como
primeiro-ministro pela coligação que vai formar o VII Governo constitucional de
Timor-Leste.
"Depois
de várias consultas eu decidi aceitar ser o candidato a
primeiro-ministro", disse hoje Mari Alkatiri, na sede da Frente
Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin) em Díli.
"A
escolha da minha pessoa já estava mais que assente (por parte dos três partidos
da coligação). O que demorou mais foi a minha decisão de aceitar ou não",
disse, explicando que na quarta-feira essa decisão será comunicada ao chefe de
Estado, Francisco Guterres Lu-Olo.
Questionado
pela Lusa sobre o facto de ter dito, nos últimos meses, que preferia não ser
primeiro-ministro, Alkatiri disse que foi muito pressionado.
"Alguém
muito conhecido aqui no país disse-me hoje que tinha que avançar e que não
havia outra opção para mim. Mas que tinha que estar preparado para a glória ou
para ser crucificado", disse.
Alkatiri
falava durante uma curta interrupção num encontro que a liderança da Fretilin
manteve com os líderes dos partidos da coligação, Partido Democrático (PD) e o
Kmanek Haburas Unidade Nacional Timor Oan (KHUNTO), respetivamente quarto e
quinto mais votados nas legislativas de 22 de julho.
"Hoje,
depois desta reunião e de novas consultas com várias personalidades, decidi
aceitar a candidatura", disse, referindo que o calendário para a formação
do Governo depende agora do chefe de Estado.
Depois
de várias semanas de negociações, os três partidos reuniram-se hoje para fechar
as negociações de formação do Governo que Alkatiri garantiu à Lusa terá membros
dos três partidos mas também "outras personalidades" do país.
"Há
personalidades com mérito que vão ser convidadas", disse, escusando-se a
avançar nomes.
O
executivo, disse, será "menor que o VI Governo", que está atualmente
em funções, terá ministros de Estado e começará a ser preenchido depois da
reunião de quarta-feira que a liderança dos três partidos mantém com o chefe de
Estado.
Questionado
sobre o facto de a eleição para o presidente do Parlamento Nacional, na semana
passada, ter mostrado alguma falta de coesão na coligação do Governo - entre si
representam 35 deputados mas o candidato da Fretilin obteve apenas 33 votos,
mais um que o seu rival - Alkatiri disse que se trata de uma processo que
"ainda se está a consolidar".
"Não
tivemos tempo de consolidar a coligação antes de votar. A coligação foi
concluída a 4 e a votação foi no dia 5. Aniceto Guterres é presidente e não é
preciso falar mais nisso. A coligação vai-se consolidando no tempo. E votos
secretos já não vai haver", explicou.
Alkatiri
confirmou igualmente os contornos da quebra nas negociações entre o Partido
Libertação Popular (PLP) - terceiro mais votado - que chegou a ser anunciado
como membro da coligação (com o KHUNTO e em vez do PD), abandonando depois esse
cenário.
O
secretário-geral da Fretilin confirmou que o PLP apresentou como exigência que
um dos seus líderes - no caso o líder da bancada, Fidelis Magalhães - fosse
escolhido como presidente do Parlamento Nacional.
"Não
é por não aceitar. Se avançássemos com a exigência do PLP não teríamos ganho só
por um voto, teríamos perdido. Se fosse Taur Matan Ruak (líder do partido) não
tinha dúvidas. Agora o candidato que apresentaram, teríamos perdido",
disse.
ASP
// VM
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