Díli,
10 nov (Lusa) - Quase 140 jovens timorenses estão hoje a ser ouvidos no
Tribunal Distrital de Díli após terem sido detidos numa operação da Polícia
Nacional de Timor-Leste (PNTL) contra grupos ilegais de artes marciais, disse à
Lusa o comandante da polícia.
"Foram
detidos 150 jovens, alguns dos quais menores de idade, e que foram entretanto
mandados para casa. 139 dos jovens, todos com mais de 17 anos, estão a ser
apresentados ao Tribunal", confirmou à Lusa Julio Hornay.
"São
alegados elementos de grupos de artes rituais e marciais, incluindo o grupo 77,
que participaram em ações ilegais, incluindo juramento e treino e que foram
detidos no bairro de Taibessi, em Díli", explicou.
Em
causa, referiu Julio Hornay, está a violação da lei 5/2017 aprovada em abril
pelo Parlamento Nacional sobre "a prática de artes marciais, rituais,
armas brancas e rama ambon".
As
rama ambon - armas usadas em vários pontos do arquipélago indonésio, incluindo
Ambon - são uma espécie de fisgas com que se lançam pequenas flechas, lâminas
ou setas e que são usadas esporadicamente em alguns bairros de Díli, causando
já vários feridos e pelo menos um morto.
Um
alerta interno da missão das Nações Unidas em Díli, emitido em junho do ano
passado, referia que as rama ambon são usadas para lançar flechas contra
transeuntes por jovens "iniciados" em grupos rivais de artes
marciais.
Nesse
aviso as Nações Unidas recomendam que se tomassem precauções adicionais em
algumas zonas da capital.
O
seu uso foi tão prevalente no ano passado que o Hospital Nacional Guido
Valadares, em Díli, tem em pelo menos duas salas várias flechas retiradas de
pacientes que deram entrada naquela unidade, alguns com ferimentos graves.
A
lei aprovada este ano nota que a "prática de artes marciais com objetivo
de promover atividades físicas e veículo de transmissão de valores culturais e
éticos tem importância social e cultural inegável em qualquer sociedade, em
especial, na camada jovem".
No
entanto, sublinha o preambulo, "quando desviada dos fins que lhe são
conaturais, a prática das artes marciais pode ameaçar a paz social e a
segurança individual e coletiva" sendo que "algumas técnicas
utilizadas na prática e ensino das artes marciais comportam perigos para a
saúde e integridade física para os seus praticantes e executantes".
O
texto refere ainda que "além de desviar as artes marciais dos seus fins,
alguns segmentos da sociedade introduziram a utilização de armas na prática das
artes marciais, de que se destaca a rama ambon".
De
referir que confrontos entre grupos rivais de artes marciais têm causado
problemas pontuais em Timor-Leste, sendo responsáveis por vários mortos e
feridos e pela destruição de propriedade.
As
autoridades notam que a ação destes grupos representa a maior ameaça á
segurança na capital e noutras zonas do país.
ASP
// JPS
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