Banguecoque, 11 fev (Lusa) - O
ministro dos Negócios Estrangeiros britânico reuniu-se hoje com a sua homóloga
e líder do Governo birmanês, Suu Kyi, após visitar campos no Bangladesh onde se
refugiam os 690.000 refugiados rohingya fugidos à violência na Birmânia.
A reunião entre Boris Johnson e
Aung San Suu Kyi, que ganhou em 1991 o Prémio Nobel da Paz, aconteceu no salão
principal do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Birmânia, segundo a foto
publicada no perfil oficial do ministério birmanês na rede social Facebook.
A conversa foi mantida à porta
fechada, mas o canal de televisão Channel News Asia noticiou que se centrou nos
planos de repatriação da comunidade rohingya, que está refugiada no Bangladesh
devido às operações lançadas por militares birmaneses no final de agosto
passado.
O ministro dos Negócios
Estrangeiros do Reino Unido, Boris Johnson, esteve no sábado no Bangladesh a
ouvir em primeira mão as denúncias de perseguição sofridas por membros da etnia
rohingya, que desde há séculos vivem no este da Birmânia e que fugiram para o
país vizinho devido à violência das forças armadas.
O político qualificou a situação
como das "maiores catástrofes humanitárias" das últimas décadas e
assegurou que o seu objetivo é conseguir um regresso "seguro e digno"
para os rohingya.
As organizações de direitos
humanos têm documentado todos os tipos de abusos pelo exército birmanês contra
os rohingya, incluindo assassínios e violações, durante a campanha militar
frequentemente descrita como uma "limpeza étnica".
O exército birmanês tem negado os
abusos relatados, embora em janeiro tenha reconhecido um caso de execuções
extrajudiciais de rohingya que foram enterrados numa vala comum no estado de
Rakine.
O Bangladesh e a Birmânia
assinaram um acordo em novembro para começar a repatriar os refugiados no final
de janeiro, mas o Bangladesh suspendeu à última hora.
A Birmânia não reconhece a
cidadania dos rohingya, que considera imigrantes bengalis e durante anos
sofreram vários tipos de discriminação, incluindo restrições à liberdade de
circulação.
A sua situação piorou em 2012
após vários surtos de violência sectária entre essa minoria muçulmana e a
maioria budista, que deixou cerca de 120 mil rohingya confinados em campos no
estado de Rakine, no Bangladesh.
IM // VM
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