Díli, 22 mar (Lusa) - As remessas
de emigrantes timorenses são hoje a principal fonte de receitas
não-petrolíferas do país, com mais de 40 milhões de dólares transferidos para
Timor-Leste no ano passado, segundo um estudo divulgado esta semana.
A análise faz parte de um estudo
sobre o mercado laboral em Timor-Leste feito pelos académicos Brett Inder e
Katy Cornwell, do Centro para Economia de Desenvolvimento e Sustentabilidade,
da universidade australiana Monash.
O impacto da emigração timorense
é também analisado num artigo do investigador Richard Curtin, do Development
Policy Centre, da Universidade Nacional Australiana.
Os dados mostram que em 2017
foram feitas mais de 85 mil transferências para Timor-Leste, o que tornou a mão
de obra "a maior exportação" do país, à frente do café, com receitas
anuais entre 10 e 20 milhões de dólares, ou do turismo, com receitas de 15
milhões.
O valor é especialmente
significativo num país onde o salário mínimo é de cerca de 125 dólares (100
euros) por mês e fora do Estado continua a haver oportunidades muito limitadas
de trabalho.
O maior volume de remessas, cerca
de 28 milhões de dólares (22,6 milhões de euros), tem origem no Reino Unido -
onde as transferências médias rondaram os 401 dólares (324 euros).
Os dados mostram, em grande
parte, o que motiva as grandes filas de timorenses que diariamente pedem a
nacionalidade portuguesa na Embaixada em Díli - chegando a causar problemas ao
funcionamento deste posto consular.
Estima-se que estejam no Reino
Unido entre 16 mil e 19 mil timorenses, todos com passaporte português, a
trabalhar principalmente em fábricas, armazéns e na limpeza.
Igualmente significativas são as
remessas da Coreia do Sul, onde milhares de timorenses estão a trabalhar no
âmbito de um programa bilateral de apoio ao trabalho. Neste caso foram enviados
para Timor-Leste cerca de 10 milhões de dólares (8 milhões de euros) com a
transferência média a ser de 767 dólares (620 euros).
Seguem-se remessas da Austrália
(cerca de três milhões; 2,4 milhões de euros), com uma média de 448 dólares
(362 euros) por transferência.
As remessas, como nota Curtin,
provêm, por isso, tanto de emigrantes normais como de trabalhadores abrangidos
por programas de intercâmbio públicos - casos da aCoreia do Sul e Austrália.
ASP. // JH.
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