Díli, 05 nov (Lusa) - O
Parlamento Nacional timorense chumbou hoje a deslocação do Presidente da
República, Francisco Guterres Lu-Olo, ao Vaticano, devido à "situação do
país, naquela que foi a quarta recusa a uma viagem ao estrangeiro do chefe de Estado.
Vários deputados da Frente
Revolucionária de Timor-Leste Independente (Fretilin), na oposição, criticaram
o chumbo às deslocações de Francisco Guterres Lu-Olo ao estrangeiro, com David
Ximenes a questionar o que definiu como "tirania da maioria".
"Quando o parlamento chumba
estas deslocações, que mensagem está a mandar para a comunidade
internacional", questionou.
"Nem sempre a maioria
acarreta verdades. Passa a ser tirania da maioria em vez de ser uma forma de
impulsionar maior democracia", disse.
Francisco Branco, também da
Fretilin, disse que as bancadas do Governo não podem "confundir questões
internas com aspetos da diplomacia externa do Estado".
"Estão a misturar a questão
externa com problemas internos. Isto tem a ver com a diplomacia externa do
Estado. Esta é uma decisão puramente de Estado", considerou.
Também António da Conceição, do
Partido Democrático (PD), defendeu a importância da visita, destacando a
"relação especial" que Timor-Leste mantém com o Vaticano.
Duarte Nunes, do Congresso
Nacional da Reconstrução Timorense (CNRT), no Governo, chegou a defender novo
adiamento do voto, argumentando que há tempo suficiente para a votação na
próxima semana.
O deputado contestou igualmente
as críticas da oposição, adiantando que os representantes do Vaticano em
Timor-Leste "sabem o que se passa no país" e por isso estão
conscientes do porquê da decisão.
Carmelita Moniz, também do CNRT,
defendeu o adiamento para "ver se os líderes resolvem o impasse político
antes do presidente sair do país".
O presidente do Parlamento, Arão
Noé Amaral, acabou por impor a votação, que obteve 35 votos contra a
autorização e 26 a
favor.
Francisco Guterres Lu-Olo tinha
solicitado uma deslocação entre 17 e 26 de novembro ao Vaticano, a convite do
papa Francisco.
O pedido de autorização foi
enviado pelo chefe de Estado, como exige a lei, entre vários pedidos de
deslocação ao estrangeiro que pretendia efetuar no último trimestre deste ano.
O parlamento já tinha chumbado,
em outubro, uma visita à Indonésia e em setembro o pedido de autorização do
Presidente da República para visitar Nova Iorque e participar na
Assembleia-Geral da ONU.
Já em julho o parlamento tinha
chumbado um pedido de autorização de visita do Presidente a Portugal.
As bancadas do Governo continuam
a contestar o impasse em torno da nomeação de alguns membros do Governo que o
primeiro-ministro indigitou e a quem o chefe de Estado não deu posse, alguns
por terem processos na justiça e outros por possuírem "um perfil ético
controverso".
ASP // SB
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