Díli, 05 nov (Lusa) -- O
presidente da Conferência Episcopal timorense considerou hoje que os
consecutivos vetos do parlamento a deslocações ao estrangeiro do Presidente da
República, incluindo o chumbo de hoje a uma visita ao Vaticano, "não ficam
bem a Timor-Leste".
"Não sei o que está por
detrás, o que os leva a vetar sistematicamente a saída do Presidente. Mas acho
que isto não fica bem a Timor. Pelo menos não promove o nome de Timor na cena
internacional", disse Basílio do Nascimento, presidente da Conferência
Episcopal Timorense.
O também bispo de Baucau, segunda
cidade timorense, reagia assim depois de o Parlamento Nacional timorense ter
chumbado hoje, devido à "situação do país", a deslocação do
Presidente da República, Francisco Guterres Lu-Olo, ao Vaticano, naquela que
foi a quarta recusa a uma viagem ao estrangeiro do chefe de Estado.
Os chumbos têm sido justificados
com o argumento de que o Presidente da República não deve sair do país enquanto
permanece o "impasse político" em torno da nomeação de alguns membros
do Governo que o primeiro-ministro indigitou e a quem o chefe de Estado não deu
posse, alguns por terem processos na justiça e outros por possuírem "um
perfil ético controverso".
A situação mantém-se, não havendo
ainda solução para o impasse, com a Presidência e o Governo a declararem que o
diálogo continua. O executivo cedeu já em três dos nove, apresentando alternativas
já aceites por Lu-Olo, mas continua a não haver solução para os seis, que
incluem os ministros das Finanças, Saúde e Interior.
Basílio do Nascimento disse que
desconhece as questões que têm justificado estas ações, mas recordou os
assuntos de soberania.
"Acho que os órgãos de
soberania não podem funcionar por ajuste de contas", disse.
"O certo é que até ao
momento ignoro as razões para o senhor Presidente vetar os nomes destes
senhores ou as razões porque o Governo tem insistido na manutenção da nomeação
destes senhores", afirmou Basílio do Nascimento.
O parlamento já tinha chumbado,
em outubro, uma visita à Indonésia e em setembro o pedido de autorização do
Presidente da República para visitar Nova Iorque e participar na
Assembleia-Geral da ONU.
Já em julho o parlamento tinha
chumbado um pedido de autorização de visita do Presidente a Portugal.
ASP // VM
Sem comentários:
Enviar um comentário