Jacarta, 29 abr 2019 (Lusa) --
Quase 300 trabalhadores da organização das eleições indonésias de 17 de abril
morreram devido sobretudo a exaustão e cerca de 2.000 ficaram doentes depois de
mais de 24 horas a contar votos, disse hoje o porta-voz da Comissão Eleitoral.
Pelo menos 296 trabalhadores
morreram e 2.151 ficaram doentes depois de mais de 24 horas a contar votos à
mão ou a exercer tarefas de supervisão nos 800 mil colégios eleitorais do país,
adiantou Arief Priyo Susanto à agência espanhol Efe.
A situação está a criar uma onda
de apoio às vítimas e muitas críticas ao sistema eleitoral da Indonésia.
"Heróis das eleições
indonésias" ou "mártires da democracia" são algumas das
declarações divulgadas por milhares de cidadãos locais nas redes sociais que criticam
o trabalho esgotante e as condições de calor extremo dos mais de sete milhões
de trabalhadores temporários contratados para a organização das eleições.
Pela primeira vez na história da
terceira maior democracia do mundo, os indonésios elegeram, num só dia, o
Presidente, vice-presidente, deputados da câmara baixa e da câmara alta e
representantes das províncias e dos municípios entre 245 mil candidatos.
O próprio vice-presidente, Jusuf
Kalla, pediu que não se volte a fazer coincidir tantas eleições numa mesma
jornada.
Com mais de 17 mil ilhas e uma
extensão de cerca de 5.000
quilómetros , os comícios apresentam-se como um autêntico
desafio logístico na Indonésia.
Os resultados eleitorais oficiais
serão divulgados a 22 de maio, sendo que a provável vitória pertence ao atual
Presidente, Joko Widodo, e ao seu partido, de acordo com as contagens não
oficiais.
Estima-se que 80% dos quase 193
milhões de indonésios chamados a votar puseram cruzes em cinco papéis cada um,
que depois foram contados à mão pelos elementos das mesas, em alguns casos até
à manhã seguinte.
"Estavam extenuados porque
tiveram de assumir as suas responsabilidades, em alguns casos, durante mais de
24 horas seguidas", disse o porta-voz da Comissão Eleitoral.
Ishak Sarawiajo liderou o grupo
de trabalho numa mesa eleitoral no norte da capital, onde um dos seus
companheiros, Hamid Baso, de mais de 50 anos, esteve em coma durante dois dias
a seguir às eleições, estando agora a tentar recuperar num hospital do norte da
cidade.
Para Sarawiajo, os que morreram
merecem ser chamados de "heróis da democracia", já que estavam no
cumprimento do seu dever.
As famílias dos mortos vão
receber 36 milhões de rupias (cerca de 2.270 euros), os incapacitados receberão
30 milhões de rupias (1.890 euros) e os doentes ou lesionados terão direito ao
equivalente a 1.040 euros para os casos graves e 520 euros para os ligeiros,
divulgou a Comissão Eleitoral.
PMC // ANP
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