sábado, 6 de abril de 2019

Tribunal de Macau dá razão a ex-diretor da meteorologia que recorreu de decisão do Executivo


Macau, China, 04 abr (Lusa) - O Tribunal de Segunda Instância (TSI) de Macau considerou hoje procedente o recurso interposto pelo antigo diretor dos Serviços Meteorológicos e Geofísicos relativamente à pena disciplinar de demissão aplicada pelo chefe do Executivo em abril passado.

Em 11 de abril de 2018, Fernando Chui Sai On decidiu aplicar "a pena disciplinar de demissão" a Fong Soi Kun, mas como o antigo diretor dos Serviços Meteorológicos e Geofísicos (SMG) estava já aposentado, foi determinada "a suspensão do abono da pensão de aposentação pelo período quatro anos".

Fong Soi Kun apresentou a demissão a 24 de agosto de 2017, um dia a seguir à passagem do tufão Hato, que causou dez mortos, mais de 240 feridos e prejuízos avaliados em 1,3 mil milhões de euros. Em março do ano passado, foi oficializada a reforma voluntária do ex-diretor do SMG.

Em novembro, Chui Sai On instaurou um processo disciplinar contra o ex-diretor e a antiga subdiretora dos SMG, Florence Leong, após a conclusão do inquérito aberto na sequência do tufão Hato.

O processo disciplinar instaurado a Fong Soi Kun e à antiga subdiretora Florence Leong concluiu que "houve responsabilidade disciplinar por parte dos dois trabalhadores, em virtude de os mesmos, culposamente, não terem exercido as suas funções com a eficiência que era devida", de acordo com um comunicado.

A comissão de inquérito entendeu que "os dois trabalhadores dos SMG devem assumir a responsabilidade disciplinar por incumprimento culposo de deveres inerentes às suas funções no processo de decisão relativamente ao içar dos sinais de tempestade tropical e à emissão do aviso de 'storm surge' durante a passagem do tufão Hato por Macau".

Em outubro de 2017, o relatório do Comissário Contra a Corrupção (CCAC) apontava "procedimentos irregulares", "elevado grau de arbitrariedade" e "decisões fruto do juízo pessoal do ex-diretor" dos SMG.

O relatório do CCAC é o resultado de uma investigação aberta a 28 de agosto de 2017, para "determinar responsabilidades a assumir, no âmbito dos procedimentos de previsão de tufões e da gestão interna por parte do ex-diretor do SMG".

Fong foi acusado de içar tardiamente os sinais de tufão, o que pode ter prejudicado a capacidade de a cidade se prevenir contra o impacto da tempestade, que obrigou a hastear o sinal máximo (10).

A escala de alerta de tempestades tropicais é formada pelos sinais 1, 3, 8, 9 e 10, hasteados tendo em conta a proximidade da tempestade e a intensidade dos ventos.

EJ // PVJ

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