O que diria Akai...
Olá. Aqui estou de novo, sou o
Akai, pequeno cidadão timorense. Estou doente, padeço de hodrocefalia e por
isso a morte ameaça a minha existência, posso morrer num prazo muito curto.
Porque em Timor-Leste não existe
modo de me operarem, estou à espera que os políticos do meu país autorizem que
possa ser devidamente tratado e operado no estrangeiro. Para isso têm de
libertar verba suficiente para que me desloque a países com quem tem acordos
para o efeito e pagar a intervenção cirúrgica. Ou somente libertar verba para
viajar para Angola e depois de tratado e operado - gratuitamente - regressar a
Timor-Leste, o meu país.
Em Angola, em clínica especializada
na doença de hidrocefalia, os tratamentos e a operação serão gratuitos, como já
me afirmaram e ofereceram. Graças a uma ONG, Tropas da Paz, que tem experiência com
meninos(as) com o mesmo problema de saúde. A custo de Tropas da Paz poderei vir
a ser um menino normal. Viverei, em vez de morrer prematuramente, porque é
sabido que é o que acontece aos que sofrem de hidrocefalia.
Mas em Timor-Leste o silêncio e
talvez até a indiferença sobre o meu problema de saúde é aquilo que persiste,
independentemente de já ter sido visitado pela esposa do senhor
primeiro-ministro, Taur Matan Ruak, muito simpática e muito carinhosa - como podem ver (em cima) na fotografia retirada da sua página no Facebook.
Já alimentei a esperança que seja
ela a poder ajudar-me a viver e angariar a atenção dos políticos que poderão
autorizar que rume à salvação da minha vida noutro país. Gratuitamente em
Angola ou noutro país que me trate convenientemente. Para assim olhar para o
futuro sabendo que muitos anos serão a perspetiva da minha esperança de vida e
não a morte que esta doença de hidrocefalia, se não for tratada, me garante.
Tenho sido muito paciente a
esperar que os políticos e pessoas de boa vontade sejam solidários e olhem para
mim e me ajudem a viver normalmente. Enquanto há vida há esperança… Dizem, e eu
também o quero dizer quando aprender a falar. Assim como agradecer com um
grande muito obrigado aos que têm o poder e a condução das decisões em
Timor-Leste.
Este silêncio e o temor de não me
tratar e morrer é que eu não quero… Salvem-me. Interessem-se por mim, por
favor. Muito obrigado!
O sonho
Junto aqui a este meu "desabafo" a fotografia da Sónia, uma menina que, como eu, padeceu de hidrofobia. Que, como desejo para mim, foi referenciada e ajudada pelas Tropas da Paz e tratada em Luanda, numa clínica especializada neste tipo de doença.
Esse convite, para ir para lá e tratarem-me, já foi feito. É só preciso pagar a viagem de ida e volta. Ao menos isso, que é o que imploro.
E então sim, a concretizar-se, posso vir a ser como a Sónia e outros meninos que já foram salvos pelas Tropas da Paz e pela referida clínica. Como ela poder mostrar uma fotografia de mim "antes e depois".
Esse é o meu sonho. O sonho de todos que têm esta doença ou outras que os ameaçam de anormalidade, padecimento e morte.
António Veríssimo
Nota: Sem pretender ser abusivo mas somente não ignorar a urgente e imperiosa necessidade de alertar e tornar público o caso do bebé timorense Akai, o autor transcreve aquilo que qualquer imaginação saudável considera plausível que um condenado à morte por hidrocefalia escreveria na situação deplorável em que se encontra o bebé Akai. Deste modo pretende-se esperançosamente captar a atenção de responsáveis timorenses que possam rapidamente contribuir para a sua salvação e conquista de uma vida saudável.
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