Figueira
da Foz, Coimbra, 19 mai (Lusa) - Os Estaleiros Navais do Mondego (ENM) vão
chegar aos 200 trabalhadores, cinco vezes o número atual, durante a construção
de um "ferryboat" para Timor-Leste, disse hoje fonte da
administração.
Em
declarações à agência Lusa, Joaquim Peres, administrador da Atlanticeagle
Shipbuilding, concessionária dos estaleiros localizados na Figueira da Foz,
adiantou que a construção do navio com capacidade para 377 passageiros e 22
viaturas, um contrato de cerca de 13,3 milhões de euros, deverá começar no
final do mês e prolonga-se por 11 meses até abril de 2016.
"A
construção será toda feita aqui e vamos ter de contratar. A previsão é
chegarmos aos 200 trabalhadores", frisou o responsável dos estaleiros.
O
"ferryboat" com destino a Timor-Leste será o primeiro navio
construído pelos ENM em cerca de uma década, mais de dois anos depois da atual
concessionária ter assumido os destinos daquele equipamento industrial.
"Podemos
fazer manutenção e reparações, mas o nosso ADN é a construção naval. E este
navio é o primeiro que temos e isso tem sempre um simbolismo muito
próprio", frisou Joaquim Peres.
A
construção do navio para Timor-Leste foi adjudicada pelo governo daquele país
no final de 2014 e o seu início chegou a estar agendado para dezembro do ano
passado. No entanto, segundo Joaquim Peres, questões ligadas ao novo executivo
timorense - como o desaparecimento do anterior ministério que decidiu o ajuste
direto, agregado numa nova estrutura ministerial - levou a um "compasso de
espera", com renegociação dos prazos de construção (que se prolongam por
12 meses, 11 de estaleiro e um de transporte do navio até Timor) e o início dos
trabalhos adiado.
Fonte
sindical disse à agência Lusa, entretanto, que a Atlanticeagle Shipbuilding
pagou hoje os vencimentos dos trabalhadores que estavam em atraso -
"metade do mês de março da parte da manhã e o mês de abril de tarde"
-, após a empresa ter recebido a primeira tranche relativa à construção do
ferryboat, situação confirmada pela administração.
Quanto
ao anúncio do início da construção do navio, o sindicalista José Paixão
manifestou-se "satisfeito", estimando que ela possa começar nas
próximas duas semanas.
"Não
deve faltar muito. Para já, esta novela mexicana terminou", disse José
Paixão, aludindo ao atraso de cerca de quase seis meses, decorrente da queda do
governo timorense.
O
sindicalista assinalou ainda a contratação "faseada e em função das
necessidades" de mais trabalhadores que se irão juntar aos cerca de 40
existentes nos ENM.
Após
a chegada do aço necessário à construção do navio, que deverá suceder em breve,
decorre uma fase de desenho e corte da matéria-prima "com os trabalhadores
que já cá estão".
"Depois
há a fase de montagem e soldadura e irão contratar mais soldadores. Este navio
é fundamental para o sucesso dos estaleiros, há anos que já não se constrói um
barco aqui e se não houver construção os potenciais armadores vão para outro
lado e o estaleiro começa a perder espaço no mercado", frisou.
A
edição de hoje do diário As Beiras revelava que Timor-Leste já tinha começado a
pagar o contrato e que, desta forma, os trabalhadores já poderiam começar a
receber os salários em atraso.
JLS
// SSS
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