terça-feira, 5 de maio de 2015

Executivo e parlamento timorense querem resolver situação de obras de emergência


Díli, 05 mai (Lusa) - O Governo e o Parlamento Nacional timorenses vão trabalhar conjuntamente para resolver a situação polémica criada em torno das obras de emergência implementadas em vários pontos de Timor-Leste depois das cheias de 2013.

As obras, que suscitaram já uma comissão de inquérito parlamentar, foram afetadas por inúmeros problemas, incluindo atrasos na sua conclusão, má qualidade dos trabalhos e atrasos no pagamento.

"O Governo e o Parlamento Nacional têm boas intenções em resolver este assunto da melhor forma. Mas temos que seguir o processo", disse à Lusa Gastão de Sousa, ministro das Obras Públicas, Transportes e Telecomunicações.

"As Obras Públicas vão levantar os dados, depois vão ser analisados os custos e depois iremos ao Parlamento Nacional para ver quais são os projetos que devemos pagar e de onde obter a verba", afirmou.

O ministro disse que "as orientações são claras" que as obras vão ser suspensas e que se vai analisar "o que foi feito, a qualidade com que foram executadas e a forma como se vai pagar".

Recorde-se que, em fevereiro, o parlamento timorense aprovou uma resolução que pedia uma auditoria do Tribunal de Contas ao Ministério das Obras Públicas por esse programa de obras de emergência.

A resolução foi um dos resultados da primeira comissão de inquérito criada pelo parlamento timorense, que investigou as obras aprovadas pelo Governo para realizar em vários distritos de Timor-Leste afetados pelas cheias.

Além de pedir a auditoria a resolução solicitava ao Ministério das Obras Públicas que atue "em conformidade com a legislação de aprovisionamento e execução de despesas e procedimentos para implementação de projetos de emergência".

Recomendava ainda ao Governo que "atue de modo a garantir um desenvolvimento sustentado e estável das empresas locais".

Em causa estão 152 projetos no valor de mais de 74 milhões de dólares aprovados para os distritos de Covalima, Ainaro, Manufahi, Manatuto e Viqueque.

No seu relatório, obtido pela Lusa, a comissão parlamentar considera que não foi adequadamente fundamentado o recurso direto às empresas e consórcios para realização das obras, não tendo sido celebrados contratos entre estas e o Ministério das Obras Públicas ou qualquer outra entidade pública.

A comissão considera ainda que "não foi avaliada a existência de cabimente orçamental previamente às decisões para execução das obras e não foi emitida autorização para realização de despesa".

Nem o Ministério das Obras Públicas nem a Agência de Desenvolvimento Nacional (ADN) participaram "no levantamento de danos feito pelos consultores, não avaliaram os desenhos e os orçamentos feitos pelos consultores e não acompanharam a execução das obras.

ASP // DM

Sem comentários: