Díli,
18 mai (Lusa) - O Governo timorense quer ter concluído até 2016 o processo de
"desconcentração" municipal do planeamento, orçamentação e execução
das despesas, como primeira fase no processo de descentralização
administrativa, disse hoje o primeiro-ministro.
Em
declarações em Díli, Rui Maria de Araújo insistiu na necessidade de um processo
faseado de descentralização, não como fim em si mesmo mas tendo como objetivo
"prestar serviços aos cidadãos" e garantir a sua participação num
desenvolvimento equitativo do país.
Rui
Araújo falava no arranque da IV Conferência Internacional sobre
Descentralização Administrativa e Poder Local em Díli onde participam, entre
outros, representantes dos municípios timorenses e de 14 municípios
portugueses.
Subordinado
ao tema "Melhorar a administração e afirmar a cidadania" o encontro
analisará questões como a capacitação de recursos humanos e o ensino do português
ao nível da Administração Pública descentralizada.
O
primeiro-ministro recordou que a política do seu Governo é "clara" e
quer "reforçar a participação democrática local por parte de todos os
cidadãos, melhorar a distribuição da riqueza pelo país e garantir serviços
públicos de qualidade, eficientes e efetivos" em todo o país.
"O
desenvolvimento social e económico da nação só será atingido se ninguém for
excluído do processo", afirmou, considerando que "modelos 'copy
paste' não são receitas de sucesso nos processos político-sociais e de gestão
pública".
Daí
que, afirmou, no caso timorense o processo exige "uma reforma
administrativa, que tenha como alvo final uma descentralização administrativa e
a construção de um modelo de poder local devidamente adaptado à nossa
realidade, à nossa cultura, e acima de tudo às nossas necessidades".
Rui
Araújo disse que em Timor-Leste este processo requer primeiro o desenvolvimento
de capacidades, incluindo a institucional, a humana, administrativa, de gestão
pública e logística, entre outras.
"Um
processo como o de descentralização administrativa e da criação de uma
estrutura de poder local, devidamente adaptado ao nosso contexto, exige tempo.
Muito tempo", afirmou.
"Este
tem de ser entendido como um objetivo a longo prazo, que vai sendo concretizado
em etapas, as quais não podem ser reduzidas ou ultrapassadas sob pena do
resultado final não servir os interesses do povo timorense", insistiu.
Assim,
detalhou, primeiro será feita uma "pré desconcentração com reforma
institucional e a criação e aprovação do quadro leal e dos planos de
desenvolvimento", depois a "desconcentração administrativa" com
delegação faseada de competências e desconcentração dos serviços públicos.
Só
na terceira fase se concretizará a descentralização com a transferência de
poder, responsabilidade e deveres para as estruturas de poder local,
"cujas eleições seriam uma realidade".
Um
processo complexo e com grande volume de trabalho, disse, que já começou com a
criação de conselhos consultivos locais, onde a população participa ativamente.
ASP
// FV.
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