Hong
Kong, China, 18 jun (Lusa) -- O chefe do Executivo de Hong Kong, Leung
Chun-ying, disse hoje que ele próprio e milhões de residentes ficaram
"extremamente desapontados" com o chumbo do pacote de reforma
política pelos deputados do Conselho Legislativo (LegCo).
Leung
Chun-ying afirmou que os 28 deputados que votaram contra a proposta
dececionaram os residentes de Hong Kong, retirando-lhes a oportunidade de
escolherem o próximo chefe do Executivo, nas eleições de 2017, em declarações
reproduzidas pela Rádio e Televisão Pública de Hong Kong (RTHK).
O
chefe do executivo da Região Administrativa Especial chinesa acrescentou que a
rejeição da proposta também significa que não haverá sufrágio universal na
eleição para o Conselho Legislativo, em 2020.
Leung
Chun-ying instou a ala pró-democracia a parar de enganar os seus apoiantes, na
crença de que vão conseguir alcançar o sufrágio universal sem estarem em
consonância com a Lei Básica (miniconstituição da Região) e com as decisões
tomadas pelo comité permanente da Assembleia Nacional Popular.
Os
membros do Conselho Legislativo de Hong Kong iniciaram a discussão sobre a
proposta de reforma política na quarta-feira.
A
proposta foi chumbada hoje, após dez horas de debate, com oito votos a favor e
28 contra dos deputados do LegCo, composto por 70 membros.
A
sessão ficou marcada pelo voto contra, em bloco, por parte da ala pró-democrata
e pela saída do LegCo de uma maioria de deputados pró-governo em sinal de
protesto, momentos antes da votação.
Ip
Kwok-him, deputado do DAB (Aliança Democrática para a Melhoria e Progresso de
Hong Kong, pró-Pequim), admitiu hoje que a saída do LegCo antes da votação foi
ideia sua e que assumia a responsabilidade por 33 deputados não terem votado.
Os
deputados pró-governo que não votaram emitiram entretanto um comunicado, no
qual pedem desculpas pela sua ação.
Regina
Ip, do pró-Pequim Novo Partido do Povo, disse que os deputados estavam a pedir
desculpas a todos os que apoiaram o plano de reforma política do governo, que
prevê a eleição do chefe do executivo por sufrágio universal, mas a partir de
uma lista de candidatos definida por um comité dominado por forças próximas do
governo central chinês.
O
deputado Andrew Leung, por sua vez, afirmou que os parlamentares que
abandonaram o LegCo reuniram-se hoje com dirigentes de Pequim para explicar o
sucedido.
A
proposta de lei votada no LegCo surgiu após a decisão, no final de agosto de
2014, do Comité Permanente da Assembleia Nacional Popular sobre a reforma
política, e esteve na origem de um forte movimento de contestação, que levou à
ocupação de ruas em Hong
Kong durante 79 dias.
Durante
o debate no LegCo, os pró-democratas argumentaram contra o plano eleitoral do
governo, que segundo eles, nega às pessoas de Hong Kong uma "verdadeira
escolha", apesar de, com base nas regras propostas, ser dada à população a
possibilidade de eleição do chefe do Executivo sob o princípio de "uma
pessoa, um voto".
Já
os adversários pró-Pequim argumentaram que o plano de reforma constitui um
grande passo em direção à democracia.
FV
(DM) // JMR
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