sexta-feira, 19 de junho de 2015

Chefe do Executivo de Hong Kong condena votação contra proposta de reforma política


Hong Kong, China, 18 jun (Lusa) -- O chefe do Executivo de Hong Kong, Leung Chun-ying, disse hoje que ele próprio e milhões de residentes ficaram "extremamente desapontados" com o chumbo do pacote de reforma política pelos deputados do Conselho Legislativo (LegCo).

Leung Chun-ying afirmou que os 28 deputados que votaram contra a proposta dececionaram os residentes de Hong Kong, retirando-lhes a oportunidade de escolherem o próximo chefe do Executivo, nas eleições de 2017, em declarações reproduzidas pela Rádio e Televisão Pública de Hong Kong (RTHK).

O chefe do executivo da Região Administrativa Especial chinesa acrescentou que a rejeição da proposta também significa que não haverá sufrágio universal na eleição para o Conselho Legislativo, em 2020.

Leung Chun-ying instou a ala pró-democracia a parar de enganar os seus apoiantes, na crença de que vão conseguir alcançar o sufrágio universal sem estarem em consonância com a Lei Básica (miniconstituição da Região) e com as decisões tomadas pelo comité permanente da Assembleia Nacional Popular.

Os membros do Conselho Legislativo de Hong Kong iniciaram a discussão sobre a proposta de reforma política na quarta-feira.

A proposta foi chumbada hoje, após dez horas de debate, com oito votos a favor e 28 contra dos deputados do LegCo, composto por 70 membros.

A sessão ficou marcada pelo voto contra, em bloco, por parte da ala pró-democrata e pela saída do LegCo de uma maioria de deputados pró-governo em sinal de protesto, momentos antes da votação.

Ip Kwok-him, deputado do DAB (Aliança Democrática para a Melhoria e Progresso de Hong Kong, pró-Pequim), admitiu hoje que a saída do LegCo antes da votação foi ideia sua e que assumia a responsabilidade por 33 deputados não terem votado.

Os deputados pró-governo que não votaram emitiram entretanto um comunicado, no qual pedem desculpas pela sua ação.

Regina Ip, do pró-Pequim Novo Partido do Povo, disse que os deputados estavam a pedir desculpas a todos os que apoiaram o plano de reforma política do governo, que prevê a eleição do chefe do executivo por sufrágio universal, mas a partir de uma lista de candidatos definida por um comité dominado por forças próximas do governo central chinês.

O deputado Andrew Leung, por sua vez, afirmou que os parlamentares que abandonaram o LegCo reuniram-se hoje com dirigentes de Pequim para explicar o sucedido.

A proposta de lei votada no LegCo surgiu após a decisão, no final de agosto de 2014, do Comité Permanente da Assembleia Nacional Popular sobre a reforma política, e esteve na origem de um forte movimento de contestação, que levou à ocupação de ruas em Hong Kong durante 79 dias.

Durante o debate no LegCo, os pró-democratas argumentaram contra o plano eleitoral do governo, que segundo eles, nega às pessoas de Hong Kong uma "verdadeira escolha", apesar de, com base nas regras propostas, ser dada à população a possibilidade de eleição do chefe do Executivo sob o princípio de "uma pessoa, um voto".

Já os adversários pró-Pequim argumentaram que o plano de reforma constitui um grande passo em direção à democracia.

FV (DM) // JMR

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