sexta-feira, 19 de junho de 2015

Redes inteligentes são parte da solução para eficiência energética em Macau -- académico


Macau, China, 18 jun (Lusa) -- O administrador do Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores - Tecnologia e Ciência (INESCTEC), Vladimiro Miranda, disse hoje que Macau tem "muito a fazer" no domínio da eficiência energética e que as redes inteligentes são parte da solução.

"O Governo de Macau pode, se quiser, definir uma política energética para Macau, que beneficiará das tecnologias das redes inteligentes, mas a política não se esgota nestas redes, é uma política energética geral", afirmou o também professor catedrático da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto.

Vladimiro Miranda falava à agência Lusa à margem de um seminário realizado na Universidade de Macau, integrado na Semana da Conservação Energética 2015.

O académico considerou que é preciso atuar na racionalização do consumo de energia em Macau, nomeadamente ao nível dos transportes e edifícios, incluindo casinos, hotéis e serviços, que são os maiores consumidores.

"Há medidas que têm a ver com normas de construção e regulamentos (de eficiência, certificação e conservação energética de edifícios) e há medidas que têm a ver com controlos inteligentes de rede", afirmou.

"Está muito por fazer. Penso que o Governo de Macau está consciente de que precisa de criar um novo sistema de estímulo à eficiência energética na cidade, e aí a rede inteligente é parte do processo de solução", sublinhou.

Nesse âmbito, deu o exemplo de resultados atingidos em Portugal, na cidade de Évora, com "economias entre 5% e 24% de consumos de energia para clientes de diferentes tipologias com o uso das redes inteligentes".

Vladimiro Miranda observou ainda o potencial da energia fotovoltaica em Macau, defendendo que embora atualmente tenha uma penetração reduzida no território, vai registar uma "expansão inevitável".

"O fotovoltaico vai alastrar porque está a ficar baratíssimo. E a culpada, no bom sentido, é a China, que é o maior fabricante de painéis solares do mundo e tem um programa de instalação massiva no país. Quando a escala aumenta, o preço cai, e foi isso que aconteceu nos últimos anos", afirmou.

Por outro lado, considerou que "Macau não está preparado" para os desafios da energia solar: "Meia dúzia de painéis solares na cidade não causa nenhum problema, mas se o fenómeno alastra sem serem dados sinais claros de que é precisa outra estrutura de gestão técnica pode criar problemas à rede em vez de os resolver".

"A rede inteligente vai combinar o fotovoltaico com o armazenamento, por exemplo, em baterias (...) e usá-la nas horas em que se a energia fosse comprada à China Continental seria mais cara", sustentou.

No seminário, o coordenador do Gabinete para o Desenvolvimento do Setor Energético, Arnaldo Santos, também enalteceu as mais-valias da rede inteligente, "uma rede elétrica modernizada, que usa as tecnologias de informação e comunicação para transmitir e distribuir bidireccionalmente a eletricidade de uma forma mais eficiente e fiável".

"A posição de Macau como centro mundial de turismo e lazer exige uma rede elétrica moderna e a rede inteligente é o caminho a tomar", referiu.

FV // VM

Sem comentários: