Pequim,
18 jun (Lusa) -- A Assembleia Nacional Popular (ANP) da China anunciou hoje que
a sua proposta de reforma eleitoral para a Região Administrativa Especial de
Hong Kong "mantém-se apesar do veto" imposto pelos deputados de Hong
Kong esta manhã.
"Embora
a proposta de lei não tenha sido aprovada pelo Conselho Legislativo (LegCo), a
direção para o sufrágio universal e os princípios legais mantêm-se na decisão
da ANP", indica um comunicado do comité permanente do órgão máximo
legislativo chinês.
A
proposta de Pequim, que no ano passado motivou protestos históricos
pró-democracia em Hong Kong ,
foi rejeitada esta manhã numa votação no Conselho Legislativo da Região
Administrativa Especial.
O
documento teve apenas oito votos favoráveis, com cerca de 30 deputados
pró-governo a abandonarem o LegCo momentos antes da votação e 28 deputados,
incluindo 27 da ala pró-democrata votaram contra.
No
final da votação foram contabilizados apenas 36 votos. A proposta de Pequim
necessitava de maioria de dois terços (47 dos 70 membros do Conselho
Legislativo) para ser aprovada.
Apesar
disso, assinalou a ANP, a proposta de Pequim "continuará a ser a base
constitucional para Hong Kong no futuro, já que aplica o sufrágio universal na
eleição do seu chefe do Executivo, e a sua força legal é inquestionável".
O
porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês Lu Kang manifestou a
deceção de Pequim em relação ao chumbo do plano de reforma política em Hong Kong , a qual
introduzia o sufrágio universal, mas com um mecanismo que previa a pré-seleção
dos candidatos a chefe do Executivo regional.
"Isto
não é o que queremos ver", disse Lu Kang numa conferência de imprensa em
Pequim, em reação à votação realizada hoje, no segundo dia de debate da
proposta de lei.
Lu
afirmou que "conseguir o sufrágio universal" em Hong Kong é também uma
aspiração da China, e defendeu que tanto o Governo central como o da antiga
colónia britânica fizeram "esforços" para atingir esse objetivo.
O
porta-voz não avançou detalhes sobre os próximos passos do Governo central
chinês, mas considerou importante assegurar "a estabilidade" de Hong
Kong, um "ponto de comércio mundial", cujo equilíbrio "é
importante não só para a região, como para todo o mundo".
Também
advertiu que "nenhum país" tem direito a interferir nos assuntos
relacionados com Hong Kong.
A
ANP anunciou em 2007 que Hong Kong teria sufrágio universal em 2017. No final
de agosto de 2014, o mesmo órgão apresentou uma reforma eleitoral que, ainda
que instaurasse o sufrágio universal no prazo previsto de três anos, indicava
que apenas poderiam ser candidatos a chefe do Executivo os aspirantes
previamente selecionados por um comité conotado com Pequim.
A
decisão levou à rua milhares de residentes de Hong Kong, com protestos e
ocupação de cinco zonas da cidade durante dois meses e meio, até meados de
dezembro quando a polícia desmantelou os últimos acampamentos, ao aplicar
ordens judiciais.
FV
// JMR
Sem comentários:
Enviar um comentário